Manobra da bancada evangélica pode excluir interrupções de gravidez da Constituição

20 de setembro, 2017

A proposta era que mães de bebês prematuros pudessem estender a licença maternidade. Aprovada no senado, ela foi para a Câmara. Só que, quando chegou na Câmara, essa PEC passou por uma manobra e ganhou outro significado.

(Jovem Pan, 20/09/2017 – acesse no site de origem)

Uma comissão especial dominada pela bancada evangélica irá votar nesta quarta-feira (20) um texto diferente daquele aprovado no Senado.

O novo documento muda a Constituição e, se aprovado, passa a proibir todo tipo de interrupção da gravidez.

Isso inclui até aqueles que já são autorizados em lei: que são os casos de estupro, risco de vida para a mãe, ou, quando o feto é diagnosticado com anencefalia.

Redator do projeto na Câmara, deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM), disse que a mudança foi defendida pela maioria da comissão.

Dos 33 deputados que integram essa comissão especial, 22 fazem parte da bancada evangélica.

“Foi alterado a concepção, que a partir do momento da fecundação do óvulo pelo esperma começa a vida. Chegou o momento de votar. Eu respeito o ponto de vista de cada um e também tenho o meu. A maioria achou por bem que a gente teria que estar mexendo neste arquivo, nós o fizemos e agora vai à plenário. o plenário é soberano”, defendeu Mudalen.

A assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, o Cefemea, Jolúzia Batista, alertou que esta é apenas uma das propostas tramitando no Congresso que estão sendo balizadas por questões teológicas. Deixando de lado até direitos de saúde pública.

“Acho que isso nos desafia a pensar nos limites de imposição de valores morais e religiosos. Ultimamente, sob a prerrogativa de que existe maioria cristã no Brasil, esses grupos dentro do catolicismo, nas igrejas evangélicas têm usado a prerrogativa de tencionar na mudança de legislação”, explicou a assessora.

Depois de votar o tema na comissão ele deve seguir para o plenário da Casa. Mas, como o texto foi alterado, mesmo que seja aprovado pelo plenário da Câmara, ele vai precisar retornar ao Senado.

*Informações da repórter Helen Braun

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