Mulheres negras são 60% das mães mortas durante partos no SUS, diz Ministério

25 de novembro, 2014

(O Globo, 25/11/2014) O Ministério da Saúde lança nesta terça-feira uma campanha para coibir o racismo no atendimento público de saúde. O governo apresentou dados que mostram que negros estão mais expostos a doenças e mortes que brancos. Além disso, os negros têm acesso a um serviço inferior. Segundo o ministério, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras, contra 34% da mortalidade entre mães brancas. Entre as atendidas pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmaram que realizaram menos consultas pré-natal do que as brancas. A orientação sobre amamentação só chegou a 62% das negras atendidas pelo SUS, enquanto que 78% das brancas tiveram acesso a esse mesmo serviço.

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— Ser diferente é uma coisa. Agora, isso transbordar para manifestações de preconceito, de racismo, que faça com que uma mulher negra se submeta à dor, a um tempo de espera ou que receba um grau de orientação sobre aleitamento materno diferente do que uma mulher branca é absolutamente inaceitável — afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro em entrevista coletiva após a cerimônia de lançamento da campanha.

Leia também: Aborto e cesariana entre as causas da mortalidade materna (Brasil Debate, 24/11/2014)

Sob o slogan “Não fique em silêncio. Racismo faz mal à saúde”, o governo criou o Disque 136 para receber denúncias. Dependendo do ato praticado contra o paciente, o profissional de saúde acusado pode ter contra ele aberto um procedimento administrativo e até ser punido legalmente, já que racismo é crime.

Outro objetivo da iniciativa é alertar que os negros são mais suscetíveis a doenças como anemia falciforme. Casos de diabetes e hipertensão também são mais severos entre os negros. O Disque 136 também contará, segundo Chioro, com profissionais treinados a dar informações como essas aos pacientes.

A cerimônia contou com a participação de um grupo de pais e mães de santo que fez saudação aos orixás. Uma representante da comunidade candomblecista disse que já ouviu relatos de mulheres negras que, durante o parto na rede pública, foram censuradas pelo profissional que realizava o procedimento com afirmações como: “na hora de fazer, você não reclamou, né?”

A campanha estará no ar de hoje até o dia 30 com spots no rádio e da TV. Os clubes Atlético Mineiro e Corinthians vão colocar banners na campanha em seus estádios.

Catarina Alencastro 

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