OMS aponta falta de financiamento para o combate ao zika

22 de março, 2016

(O Estado de S. Paulo, 22/03/2016) De US$ 25 mi solicitados pela organização para ajudar países a investigarem o problema, só foram entregues US$ 3 mi até agora

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou nesta teça-feira, 22, que o dinheiro solicitado pela organização para ajudar no combate ao zika nos países afetados pela epidemia ainda não está chegando como o esperado. Dos US$ 25 milhões solicitados para a OMS aos países membros, apenas US$ 3 milhões foram entregues até o momento. Outros US$ 4 milhões estão em negociação.

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O dinheiro seria usado em esforços da OMS para, por exemplo, mandar especialistas aos países afetados e para organizar reuniões científicas. “O suporte financeiro ainda é um grande problema. Mas não podemos permitir que a falta de dinheiro seja uma barreira para fazer o que é certo”, disse em coletiva de imprensa realizada no início desta tarde (horário de Brasília) por Chan e outros especialistas da OMS.

Ela convocou a imprensa para atualizar sobre as últimas descobertas científicas em relação às má-formações fetais e outros problemas neurológicos relacionados à zika. Disse que pelo menos 12 países têm observado um aumento de casos de síndrome de Guillain-Barré associadas ao zika e que, além do Brasil, o Panamá também reportou casos de microcefalia em bebês gestados por mães contaminadas no próprio país.

“Com o conhecimento atual, ninguém consegue prever se o zika vai se espalhar para outros países e causar má-formação fetal e desordens neurológicas. Mas se esse padrão for confirmado além da América Latina e do Caribe, o mundo vai enfrentar uma crise severa de saúde”, disse. Atualmente o vírus circula de em 38 países e territórios do mundo.

Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde do Brasil, a OMS informou que espera que o número de casos de microcefalia no Brasil pode passar de 2.500. O cálculo foi feito com base no número de casos já confirmados (863), em relação aos suspeitos testados (2.212), o que dá 39%. No total o governo brasileiro considera que há 6.480 casos suspeitos, a maioria ainda sem teste.

“Se essa taxa continuar, esperamos que mais de 2.500 casos vão surgir de bebês com dano cerebral e sinais clínicos de microcefalia”, disse Anthony Costello, que chefia o departamento de saúde maternal, de recém-nascidos, crianças e adolescentes na OMS.

Os casos são considerados suspeitos quando o perímetro da cabeça é menor que 32%. Para confirmar a microcefalia, são necessários exames de imagem, por isso a diferença entre suspeita e confirmação. Mas a relação com zika no Brasil só foi apontada por testes laboratoriais em 97 dos casos confirmados.

Giovana Girardi

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