Banheiro unissex da PUC-SP abre debate sobre diversidade de gênero

29 de agosto, 2017

Na rede social, o debate alcançou um milhão de pessoas. A maioria curtiu, mas quase cinco mil não gostaram

(Jornal Nacional, 29/08/2017 – acesse no site de origem)

A mudança de um banheiro na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo abriu um debate intenso sobre a questão da diversidade de gênero.

Você pode estranhar, mas essa reportagem começa no banheiro. Não que a gente vá expor a intimidade de alguém. Não, e até ao contrário: o que a gente quer mostrar é como 44 metros quadrados deram publicidade a uma questão polêmica: homens e mulheres podem compartilhar o mesmo espaço nessas horas de privacidade? Nós estamos prontos para uma nova arquitetura social que inclua banheiros unissex?

Uma placa inaugurou a inovação no campus da PUC de São Paulo.

“Eu estava sentado do lado de fora, e aí quando colocaram, eu entrei para ver como era e eu achei muito bacana a iniciativa, então foi um momento marcante para mim, porque eu vi aquilo e eu vi as pessoas meio confusas com o que estava acontecendo”, disse o estudante de administração Antonio Carlos Nardi.

Leia mais: UFABC garante uso de banheiros de acordo com identidade de gênero (IstoÉ, 30/08/2017)

Um outro estudante de administração foi pragmático: “É bom, porque agora tem um banheiro no meu andar.”

A de relações internacionais fez propaganda. “Homens, mulheres, pessoas que não se identificam com padrão de gênero. Todo mundo no mesmo espaço, convivendo. É bem importante”, disse Ingrid Guzeloto.

E Mateus Moraes se sentiu mais à vontade. “Às vezes, eu gosto de fazer alguma maquiagem, e eu sinto preconceito, alguma hostilidade no banheiro masculino. E nesse banheiro a gente sente essa maior liberdade”, disse o estudante de publicidade e propaganda.

A reitora esteve dentro da ideia desde sempre. “Simplesmente pusemos uma placa nesse banheiro, como um banheiro unissex, se você quiser assim. E nos surpreendemos com a reação fora da universidade”, contou a reitora da PUC/SP Maria Amalia Andery.

Na rede social, o debate alcançou um milhão de pessoas. A maioria curtiu, mas quase cinco mil não gostaram. As críticas falam em transmissão de doenças, desrespeito à igreja, porque a universidade é católica, e até risco de violência.

Repórter: Tem medo disso?
Estudante: Eu tenho medo disso como em qualquer outro lugar.

“O amadurecimento da sociedade é bem necessário, por conta desse negócio de assédio. Mas eu acho se não começar uma hora, acho que nunca vai ter uma mudança”, afirmou a estudante de direito Maira Vasconcellos.

Será uma tendência? Homens e mulheres juntos? Seria o fim do mistério sobre o que elas conversam lá dentro? Louças masculinas virariam peças de museu? Talvez um banheiro seja só um banheiro.

“As novidades especialmente na questão de sexo, gênero e comportamento sexual assustam muito ainda, mas, aos poucos, vão se acostumando à essa convivência, porque é só um banheiro. Não tem nada de tão assombroso assim”, disse o psiquiatra e professor de psicologia da PUC/SP Alexandre Saadeh.

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