Bloco Pagu leva discurso feminista para o Centro de São Paulo

28 de fevereiro, 2017

Com bateria formada exclusivamente por mulheres, bloco reuniu cerca de 4 mil pessoas, segundo organização.

(G1/SP, 28/02/2017 – acesse no site de origem)

Com uma bateria formada exclusivamente por mulheres, o bloco Pagu fez do empoderamento feminino o mote de seu desfile nesta terça-feira (28) de carnaval, no Centro de São Paulo. O bloco iniciou cortejo à tarde, saindo do Pátio do Colégio.

O plano de tratar de feminismo no bloco não ficou apenas nos discursos. As cantoras Barbara Eugenia, Julia Valiengo e Soledad exibiram um repertório conhecido na voz de artistas mulheres celebradas na música brasileira, como Carmen Miranda, Gal Costa e Maria Bethânia . No hino do bloco, o refrão com o trecho conhecido na voz de Rita Lee: “sou mais macho que muito homem”.

De tempos em tempos, alguém puxava um coro de “Fora, Temer”. O prefeito de São Paulo, João Doria, teve o nome xingado uma vez num coro em frente à Prefeitura.

O público, de cerca de 4 mil pessoas no início, segundo a organização, visivelmente tinha mais mulheres do que homens, algumas de topless. O cortejo seguiu até o Theatro Municipal e durou cerca de duas horas. No fim, após o trio estacionar ali, muita gente dançou sob a forte chuva que caiu no lugar.

Crianças e bebês também participaram da festa, usando inclusive fantasias. Para os pais, a opção por levá-las parecia ter função pedagógica. “É um bloco diferenciado, com mensagem importante, por isso trouxe a minha filha”, afirmou ao G1 Leonardo Militelli, de 36 anos, apontando para Graziella, de 6 anos. “O Pagu prega não à opressão, ao machismo, e também uma sociedade livre, coisas de que falo lá em casa”, disse.
Bloco Pagu tem bateria formada apenas por mulheres

‘Preta, sim; gorda, sim’

A rainha do Pagu, a rapper Preta Rara, fez o discurso inicial do bloco. Após condenar “homofobia, lesbofobia, transfobia e todos os tipos fobia”, Preta Rara cantou uma música que dizia: “dançar é um ato político”. Os versos também falavam em “liberdade para o corpo da mulher” e em “dançar, estudar, transar, gozar”.

A cantora foi bastante aplaudidade ao afirmar que é “preta, sim; gorda, sim”. Logo em seguida, uma das cantoras do Pagu se voltou para a integrantes da bateria e exaltou o órgão sexual feminino. “O poder da nossa B… é a coisa mais bonita do mundo”, declarou, também sob ovação. “Esqueçam os peitos, esqueçam os mamilos. Mulheres, homens, homens, trans…”, afirmou em outro momento.

O clima até podia ser combativo no bloco, mas com a sensação de que todos os presentes estavam do mesmo lado da trincheira.

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