Dobra o número de mulheres na Cracolândia, diz pesquisa

08 de junho, 2017

Levantamento feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.

(G1, 08/06/2017 – acesse no site de origem)

O número de mulheres que frequentam a Cracolândia dobrou em um ano, informou pesquisa feita a pedido da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo, com especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em consultoria com o Programa das Nações Unidas (Pnud), disponibilizada com exclusividade para o SP1. O levantamento, feito entre 2016 e 2017 com 139 dependentes químicos da região, mostra que a área ocupada por usuários de crack aumentou mais de 50%.

Em 2016, 16% dos dependentes eram mulheres. Neste ano, elas correspondem a 32% dos frequentadores. As mulheres são mais vulneráveis do que os homens na Cracolândia, segundo os pesquisadores da Unifesp.

Sobre este aumento, a psicóloga da Unifesp Clarice Madruga explica que provavelmente tenha ocorrido uma rotatividade dos homens. “Os homens entram, mas muitos deles conseguem sair, conseguem retomar, entrar em um tratamento e sair da Cracolândia. E as mulheres que chegam acabam ficando.”

Ela alerta que as mulheres acabam ficando mais expostas à violência. “A razão pela qual elas chegam lá sempre também tem a ver com violência dentro de casa, abandono da família. A dependência química em mulher é muito mais severa. É muito mais difícil tratar dependência química em mulher”, disse.

“Existem fatores hormonais que interferem. Uma mulher, por exemplo, em função do ciclo hormonal, ela tem muito mais dificuldade de se manter abstinente no tratamento. E também o fato de que para mulher é muito mais difícil buscar o tratamento, tem muito mais estigma”, explicou.

Os pesquisadores dizem ainda que as mulheres estão mais expostas à violência sexual e à prostituição, que são uma das formas de conseguirem a droga.

Ao todo, 14% das entrevistadas estavam grávidas no momento da pesquisa. Os pesquisadores explicam que este é um problema crônico, porque, muitas vezes, as crianças crescem num ambiente degradado.

Área

Outro dado apresentado é o de que a área da Cracolândia aumentou 52% em apenas um ano. Em 2016 os usuários ficavam em cerca de 4,6 mil metros quadrados. Em 2017, porém, a área aumentou, chegando a 7 mil metros quadrados.

Pequisa mostra perfil dos usuários da Cracolândia (Foto: TV Globo/Reprodução)

Pequisa mostra perfil dos usuários da Cracolândia (Foto: TV Globo/Reprodução)

Perfil

A pesquisa traçou um perfil do usuário da Cracolândia. Confira abaixo:

  • Idade média do frequentador é de 37,3 anos;
  • 63,3% é homem;
  • 36% de cor preta;
  • 67,4% mora na rua há mais de 5 anos;
  • 71,65% estão há um ano ou mais na Cracolândia.
  • 74% vivia em uma casa ou morava com a família;
  • 44,7% ainda mantém contato com a família.

O levantamento mostrou ainda que os dependentes de crack consomem outras drogas, como maconha e cocaína, e que a dependência começa antes, com o álcool.

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