Inspiradas na Argentina, mulheres dos EUA chamam greve internacional no 8 de março

08 de fevereiro, 2017

No Brasil, feministas marcharão contra reforma da Previdência e legalização do abordo. “Há uma onda conservadora do mundo todo”, diz coordenadora da Marcha das Mulheres

(Rede Brasil Atual, 08/02/2017 – acesse no site de origem)

Inspiradas no movimento feminista argentino Nem uma a Menos, ativistas norte-americanas lançaram ontem (7) um manifesto convocando uma greve internacional em 8 de março. O movimento já está sendo articulado em pelo menos 30 países, com bandeiras de combate à políticas que levam ao empobrecimento das mulheres, à violência e ao desrespeito aos direitos reprodutivos. No Brasil, o movimento será também de resistência à reforma da Previdência.

A professora e filósofa norte-americanaAngela Davis, 72 anos, é uma das signatárias do manifesto. Angela tornou-se referência mundial ao protagonizar movimentos por direitos civis em seu país e associar as desigualdade raciais, de gênero e sociais como contradições de um mesmo sistema de dominação.

O documento é assinado também pelas ativistas Cinzia Arruzza, Keeanga-Yamahtta Taylor, Linda Martín Alcoff, Nancy Fraser, Tithi Bhattacharya e Rasmea Yousef Odeh. Elas avaliam que a “nova onda de mobilização das mulheres” precisa ser um “feminismo para 99% das pessoas”, seguindo as premissas do movimento argentino que defende, por exemplo, que a violência contra a mulher vai além da doméstica e sexual e abrange a violência do mercado, da dívida, das relações de propriedade, das políticas discriminatórias contra lésbicas e trans e da criminalização das migrações.

Elas afirmam que querem contribuir para o crescimento e o fortalecimento “deste novo movimento feminista”, considerado mais expansivo. “A ideia é mobilizar mulheres, incluindo mulheres trans, e todos os que as apoiam num dia internacional de luta – um dia de greves, marchas e bloqueios de estradas, pontes e praças; abstenção do trabalho doméstico, de cuidados e sexual; boicote e denúncia de políticos e empresas misóginas, greves em instituições educacionais”, diz o texto.

No Brasil, será somada às bandeiras a oposição à reforma da Previdência, proposta pelo governo de Michel Temer. “Vamos fazer um chamado que dê visibilidade também para as nossas pautas”, defende a coordenadora nacional da Marcha Mundial de Mulheres, Sônia Coelho. “As mulheres estão fazendo discussões em vários países, porque essa questão da misoginia, do retrocesso de direitos das mulheres não é só no Brasil, é uma onda conservadora no mundo.”

No último 21 de janeiro, milhares de mulheres se reuniram em Washington e em outras cidades dos Estados Unidos para reagir aos posicionamentos sexistas do presidente Donald Trump, empossado um dia antes. A marcha pedia respeito às mulheres, aos imigrantes, aos muçulmanos e às pessoas com deficiência.

“As condições de vida das mulheres, especialmente as das mulheres de cor e as trabalhadoras, desempregadas e migrantes, têm sio deterioradas de forma constante nos últimos 30 anos, graças à financeirização e à globalização empresarial”, diz o manifesto. “O feminismo do ‘faça acontecer’ (inspirado em livro de Random House, sobre empreendedorismo feminino) e outras variantes do feminismo empresarial falharam para a esmagadora maioria que não tem acesso à autopromoção e ao avanço individual e cujas condições de vida só podem ser melhoradas através de políticas que defendam a reprodução social, a justiça reprodutiva segura e garanta direitos trabalhistas.”

Sarah Fernandes

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