Assassinaram não só Marielle, mas um projeto de renovação na política, por Maria Fernanda Delmas

15 de março, 2018

Vereadora defendia a conquista de espaço pelas mulheres, participava do movimento negro e militava pela educação

(O Globo, 15/03/2018 – acesse no site de origem)

Marielle Franco se elegeu vereadora no Rio em 2016, com o expressivo resultado de 46 mil votos. Estava em seu primeiro mandato, pelo PSOL. Vinha de uma vida vivida na Maré, de muito estudo e da experiência como assessora parlamentar. Botou sua militância debaixo do braço e foi mostrar a cara na vida pública.

Defendia a conquista de espaço pelas mulheres, participava do movimento negro e militava pela educação. Nas ruas e na Câmara. Em seu curto tempo de mandato, foi fiel à sua agenda progressista. E com certeza se aproximava cada vez mais dos jovens – dos diferentes estratos, das diferentes geografias do Rio. Não só deles, mas sobretudo deles.

Pode-se ter votado nela ou não. Aderir ou não à sua agenda. Mas ninguém pode negar que a chegada de Marielle à política representou um movimento de frescor. Neste 2018 tão embolado, a renovação na política é uma das discussões mais importantes e mais presentes. É o que muita gente está desesperadamente buscando. Em 2016, ainda no calor do pós-junho de 2013, ela foi uma dessas esperanças de renovação para 46 mil pessoas. Aos 38 anos, fazia um trabalho que ainda tocaria muito mais gente.

Assassinaram a Marielle e Anderson Pedro Gomes, o motorista que a levava ao sair de um encontro com jovens negras. O medo é que, após essa tragédia, venha o recuo. Que novos e necessários rostos da renovação política se intimidem. Ainda há tão pouca renovação, e tudo de que o país precisa é que quem queira chegar lá possa trabalhar. Em paz.

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