Mães solo quilombolas e rurais enfrentam insegurança alimentar, enquanto dinheiro da merenda não chega às escolas

Oficina de Mulheres Quilombolas Quilombo Horizonte CE

Oficina de Mulheres Quilombolas do quilombo Horizonte CE. Foto: Mídia Ninja

21 de novembro, 2022 Gênero e Número Por Adriana Amancio e Anelize Moreira

Levantamento exclusivo mostra que mais da metade dos municípios mantêm recursos parados nas contas das prefeituras; em cidades do Maranhão e de Alagoas, falta comida nas escolas 

“Neste ano, a merenda só chegou na escola em maio, depois de muita briga na Secretaria [Municipal] de Educação. Falam que é falta de dinheiro. Faltou alimentação na maioria das escolas rurais. Tem criança que até passou mal por falta da merenda. Sem merenda é sofrimento, pobreza total e muita luta.”

Esse é o relato da mãe solo e agricultora Maria de Jesus Laranjeiras, 37 anos, sobre a falta de merenda nas escolas Maria Salete Moreno e Maria Aragão, na zona rural de Itapecuru Mirim, a 108 quilômetros de São Luís (MA).

Um levantamento feito pela Gênero e Número e O Joio e O Trigo constatou que R$ 714 mil em recursos públicos destinados à compra de alimentação escolar na cidade estavam parados no banco até setembro deste ano. Este saldo equivale a quase metade do R$ 1,45 milhão repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento (FNDE), órgão do Ministério da Educação, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no período entre fevereiro e setembro deste ano.

A situação do município é uma amostra do que acontece no restante do país. Durante a apuração de dados, a reportagem constatou que, até maio deste ano, além desses municípios, outros 2.946 localizados nas cinco regiões brasileiras estavam com recursos parados em conta — mais da metade dos 5.518 municípios brasileiros. Nestes casos, além de não utilizarem a verba deste ano, ainda possuíam resíduos de recursos repassados durante a pandemia. Há municípios que, até maio, mantinham em conta até seis vezes mais do que valor repassado para a merenda escolar.

A merenda servida na escola ajuda a garantir a alimentação dos três filhos que moram com a agricultora Maria Irani Correia da Silva, de 41 anos, moradora do Quilombo Carrasco, em Arapiraca, no Semiárido de Alagoas. “Ajuda bastante às mães solteiras que nem eu, que sou mãe e pai deles. A gente não tem o alimento em casa, até porque a renda do Bolsa Família não dá pra comprar lanche pra eles levarem para escola.”

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