Governo Lula vai revogar cartilha sobre aborto que minimiza riscos de gravidez na adolescência

03 de janeiro, 2023 Folha de S. Paulo Por Guilherme Seto

Agendas que hoje são tuteladas passarão a ser políticas de dignidade, diz novo secretário da Saúde

O Ministério da Saúde de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai revogar cartilha lançada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) que, em sua versão inicial, contrariava a lei e dizia que todo aborto é um crime. A prática é autorizada no país em três situações: gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e em caso de feto anencefálico.

Reformulado em setembro após pressão da sociedade civil, o manual passou a relativizar sem base técnica os estudos científicos que mostram os riscos de vida de gestantes com menos de 15 anos. Segundo Nésio Fernandes, novo secretário de Atenção Primária à Saúde, todo material que criminalizar a vítima será inviabilizado.

A cartilha afirma que os estudos que mencionam haver risco de vida para gravidez em menores de 15 anos são inconsistentes e que as “evidências mais recentes” apontam que a gestação em mulheres jovens não é causa automática de risco à vida, devendo cada caso ser analisado individualmente.

A inclusão desse trecho aconteceu após a mobilização social para que uma menina de 11 anos vítima de estupro em Santa Catarina conseguisse abortar. A criança foi coagida a desistir do aborto pela juíza e a promotora do caso. O procedimento só foi realizado depois que o Ministério Público Federal interveio.

Durante o governo Bolsonaro, o Ministério da Saúde seguidas vezes encampou a retórica de grupos conservadores ou negacionistas e tomou medidas contraditórias em relação a estudos científicos.

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