Por uma interpretação feminista sobre as vidas, corpos e liberdade das mulheres, por Estefânia Maria de Queiroz Barboza e Melina Girardi Fachin

13 de março, 2023 Conjur Por Estefânia Maria de Queiroz Barboza e Melina Girardi Fachin

O Secretário Geral da ONU alerta para os dados preocupantes a respeito dos direitos das mulheres ao redor do mundo: serão necessários mais 300 anos para se alcançar a igualdade de gênero no mundo. Os dados são alarmantes e escandalosos. Décadas de avanços em conquistas de direitos à igualdade e à liberdade das mulheres enfrentam retrocessos com os avanços autoritários no mundo. Avanços do neoconservadorismo e do autoritarismo andam junto com discurso de proteção à família contra a igualdade e liberdade das mulheres. Aliam-se também a movimentos antiaborto. Guerras também colocam mulheres e meninas em risco, na medida em que elas sofrem mais violência física e sexual na guerra, na fuga e nos campos de refugiados.

No Brasil, a situação não é animadora, a começar pela representação política no Congresso Nacional. Temos apenas 91 deputadas, ao lado de 422 deputados homens (17,7%); no Senado, 11 senadoras mulheres e 70 senadores homens (15%). Na última legislatura o Brasil ocupava a 142º posição no ranking de participação política das mulheres entre 192 países, ficando na frente apenas do Haiti na América Latina. A igualdade de gênero nos Parlamentos só será adquirida daqui a 40 anos, em 2063, segundo a ONU. Mas os números brasileiros são vergonhosos, escandalosos, aliados a bancadas religiosas, que reproduzem a ideologia de dominação de séculos, colocando ainda no século XXI as mulheres no espaço privado e com a principal ocupação sobre a família.

Os dados de violência doméstica e feminicídios também não trazem conforto, com uma mulher morta a cada seis horas em 2022. Reportagem do UOL da semana passada mostra que todas as formas de violência contra a mulher aumentaram em 2022, com mais de 50 mil mulheres sofrendo violência diariamente, apesar do silêncio de mais da metade das que sofrem violência.

Por outro lado, somos o 4º país em casamento infantil no mundo, muitos destes casamentos são realizados para garantir a honra da família, quando as meninas engravidam e geralmente o casamento se dá com seus abusadores. Um problema grave que também envolveria a discussão sobre o aborto legal, já que o estupro de menores é presumido. Mas a onda neoconservadora aliada aos movimentos religiosos, impõem sempre o ônus do controle e dominação sobre os corpos das meninas. E o número de estupros de meninas é de cerca de 822 mil casos por ano, segundo estudo do Ipea, sendo que mais de 58% destes números são estupros de meninas menores de 13 anos.

Acesse a matéria completa no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas