“A proteção precisa chegar às indígenas”, diz gestora de prevenção à violência de gênero

2ª Marcha das Mulheres Indígenas – Brasília (DF) “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”. Fotos: Ana Pessoa/ Mídia Ninja

2ª Marcha das Mulheres Indígenas – Brasília (DF) “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”. Fotos: Ana Pessoa/ Mídia Ninja

12 de abril, 2023 Agência Pública Por Nathallia Fonseca

Indígena Fulni-Ô, Pagu Rodrigues quer priorizar mulheres indígenas na elaboração de políticas públicas

“Do ano de 1500 para cá, o Estado brasileiro se consolidou por ser o primeiro a violar direitos e corpos das mulheres indígenas”, diz Pagu Rodrigues, que assumiu a recém-criada Coordenação Geral de Prevenção a Violência Contra a Mulher do Ministério das Mulheres. Indígena Fulni-ô, socióloga e ativista, paulistana com raízes no interior pernambucano, ela quer priorizar particularidades territoriais e das populações originárias na elaboração de diretrizes e protocolos das políticas de proteção.

Mas mensurar a proporção da violência de gênero entre os 305 povos indígenas brasileiros (segundo IBGE) é um desafio. É preciso, segundo Rodrigues, criar ações que facilitem o registro e o mapeamento dos casos – incluindo alternativas que vençam a barreira linguística, porque há pelo menos 274 línguas faladas nos territórios indígenas.

“Até hoje, nenhuma lei de proteção às mulheres dá conta das especificidades da mulher indígena. Não houve um momento para discutir as maiores leis de combate à violência de gênero [a lei do feminicídio e a lei Maria da Penha] a partir das especificidades das mulheres indígenas, considerando medidas de proteção que funcionem em territórios mais afastados das áreas urbanas”, disse em entrevista à Agência Pública.

Criada na periferia de São Paulo, Pagu Rodrigues voltou à cidade de Águas Belas, no Agreste pernambucano, durante parte da vida adulta. É lá onde a maior parte da sua família, do povo Fulni-ô, está. Essa vivência de territorialidade é utilizada pela socióloga para expor outra dificuldade de efetivação das políticas de enfrentamento à violência de gênero, que busca reduzir. “A gente tem que aproximar serviços públicos dos territórios indígenas se a gente quiser mesmo enfrentar a violência contra essas mulheres”. Confira os principais trechos da entrevista.

O governo atual fala muito sobre reconstrução e reestruturação de políticas públicas. Pensando na sua gestão, por onde essa reestruturação começa?

A minha coordenação é nova [dentro da secretaria nacional de enfrentamento à violência contra a mulher], então estamos partindo de um processo de reconfiguração de toda essa política, o que é parte desse processo geral de reestruturação pós-Bolsonaro. Estamos saindo agora de um governo que tinha como política o incentivo à misoginia, ao machismo, que não punia esse tipo de crime. Eu sempre costumo dizer que o feminicídio é o projeto de Estado de genocídio em relação à mulher. Digo isso, especialmente, considerando uma gestão anterior que não só deixou de combater mas incentivou a violência. A gente tem genocídio da população indígena, da população negra. O genocídio das mulheres, nessa mesma lógica, aparece realmente na forma de uma a política do feminicídio.

Acesse a matéria completa no site de origem.

 

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas