23/08/2012 – Estupro e políticos, Kenneth Maxwell

23 de agosto, 2012

(Folha de S.Paulo) Dois políticos arrumaram problemas, nesta semana, pelo que disseram sobre estupro.
No Reino Unido, George Galloway, um político excêntrico eleito recentemente para o Parlamento britânico pelo distrito de Bradford West, como candidato da coalizão “Respect”, afirmou que as alegações de estupro contra Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, não tinham base porque fazer sexo com uma mulher que está dormindo não é estupro.
Galloway é o tipo de político que seus colegas adoram odiar. Fez o comentário em seu podcast semanal on-line, quando falou das alegações de estupro, assédio sexual e coerção ilegal apresentadas por duas mulheres -identificadas como mulher A e mulher B-que Assange encontrou em Estocolmo em agosto de 2010.
Assange nega as alegações, que são a base do atual imbróglio jurídico e diplomático quanto à sua extradição, envolvendo, ainda, o Reino Unido, a Suécia e o Equador.
“Mesmo que as alegações das duas mulheres fossem verdade, 100% verdade, e que tivessem sido registradas por uma câmera instalada naquele quarto, isso não constituiria estupro”, disse Galloway.
“Pelo menos não estupro no sentido que uma pessoa sensata o entenderia. A mulher A foi apresentada a Assange, convidou-o para acompanhá-la a seu apartamento, onde os dois jantaram, foi para a cama com ele, fez sexo consensual com ele e depois alegou ter acordado porque ele estava fazendo sexo com ela de novo. Isso é algo que pode acontecer, todo mundo sabe; não acho que todo mundo precise ser consultado antes de cada inserção.”
Nos Estados Unidos, o conservador Todd Akin, candidato republicano ao Senado no Missouri, também está sob ataque por comentários que fez sobre estupros.
Ele declarou no domingo, em entrevista na televisão, que o corpo de uma mulher é capaz de impedir uma gravidez em caso de “estupro legítimo”.
O presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, instaram Akin a abandonar a eleição. Mitt Romney declarou que os comentários de Akin eram “imperdoáveis e, francamente, errados”.
Mas Akin não pretende desistir. A plataforma do Partido Republicano, ao que se sabe, defende uma emenda antiaborto à Constituição que não permitiria aborto nem mesmo em caso de estupro ou incesto. Akin agora alega que queria dizer “estupro à força”, e aceita que uma mulher pode, de fato, engravidar nessas circunstâncias.
No entanto, ele foi proponente de um projeto de lei antiaborto em parceria com Paul Ryan, a escolha de Romney para a vice-Presidência. Barack Obama e os democratas estão se divertindo.

Acesse em pdf: Estupro e políticos, Kenneth Maxwell (Folha de S.Paulo – 23/08/2012)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/62392-ato-de-assange-nao-seria-estupro-na-america-latina-afirma-correa.shtml

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