17/06/2013 – Serviço de aborto legal no Brasil está jogado ‘às traças’, diz ministra

17 de junho, 2013

(Folha de S.Paulo) Os serviços de aborto legal no Brasil “estão absolutamente jogados às traças”.

A avaliação é da ministra Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres) e está registrada na ata da reunião de dezembro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Na ocasião, ela destacou como prioridades da sua pasta, na área de saúde, a redução da morte materna, a prevenção do câncer e “a situação dos serviços de aborto legal, que estão absolutamente jogados às traças”.

Procurada, a ministra indicou os problemas. “Estudos e pesquisas apontam para um desvio de rota dos serviços que atendem as mulheres vítimas de violência sexual”, disse, em nota.

Isso decorre, afirma, da centralização do atendimento e da falta de equipes multiprofissionais para prestar o atendimento ginecológico e psicossocial adequado.

CENTRALIZAÇÃO

Como exemplo, a ministra diz que, na cidade de São Paulo, “há uma centralização que leva a que as mulheres estupradas que fazem o boletim de ocorrência numa delegacia sejam encaminhadas todas ao hospital Pérola Byington, complicando muito o acesso das vítimas”.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo Pérola Byington, a ministra está “equivocada” (leia texto ao lado).

Oficialmente, há 66 serviços de atenção ao aborto autorizado no país –para estupro, risco de vida à mãe ou anencefalia do feto. O número cresceu 10% nos últimos três anos, diz o Ministério da Saúde, que não comentou as críticas da ministra.

Especialistas veem fragilidades nos serviços de aborto legal, em geral ligados a centros que fazem o primeiro atendimento da vítima de violência sexual, o que explica a menção feita pela ministra.

Entre os problemas citados estão a falta de capacitação, dificuldade de manter equipes completas, profissionais que alegam “objeção de consciência”, pressões feitas por igrejas e autoridades públicas e falta de informações ofertadas à mulher.

Debora Diniz, pesquisadora da Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero), avalia que as críticas da ministra refletem a falta de informação sobre o funcionamento dos centros. Seu instituto elabora, financiado pela secretaria de Menicucci, um censo sobre o funcionamento dos serviços.

Inicialmente, as pesquisadoras confirmaram o funcionamento de só 45 deles. “Quando ela diz está às traças’, eu entendo precisamos saber o que esta acontecendo'”, diz Diniz.

Para Jolúzia Batista, assessora técnica do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), o Ministério da Saúde tem se empenhado em fazer valer as normas técnicas, mas a qualidade do atendimento oscila muito de serviço para serviço.

Acesse o pdf: Serviço de aborto legal no Brasil está jogado ‘às traças’, diz ministra (Folha de S.Paulo – 17/06/2013)  

 

 

 

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