27/08/2013 – “Direito ao nosso corpo, legalizar o aborto”, gritam feministas após discurso de ministra de Política para Mulheres. Por Roldão Arruda

27 de agosto, 2013

(O Estado de S. Paulo) Ao discursar na abertura do 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, em São Paulo, na noite de segunda-feira, 26, a ministra Eleonora Menicucci fez uma cuidadosa exposição dos programas desenvolvido pelo atual governo em defesa dos direitos das mulheres. Foi aplaudida em mais um momento pelas centenas de mulheres que a ouviam no Memorial da América Latina. Ao terminar, porém, foi surpreendida com os gritos vindos em coro da plateia: “Direito ao nosso corpo/ Legalizar o aborto.”

Eleonora havia acabado de dizer que o governo da presidente Dilma Rousseff “tem como ponto de partida, entrada e chegada a intolerância abaixo de zero contra qualquer tipo de discriminação”. Também afirmara que “estamos procurando fazer o melhor e o máximo para a consolidação de todos os direitos da mulher e a eliminação da violência”.

Para as feministas ali reunidas, porém, isso não é suficiente. Querem que o governo avance mais na questão dos direitos reprodutivos, que estariam sendo travados no País por grupos políticos conservadores e religiosos.

Apesar de surpresa, a ministra não demonstrou descontentamento com a reação. Pouco antes ela havia rememorado sua participação nas lutas feministas, citando a bandeira da descriminalização do aborto.

Houve uma outra cobrança na abertura. A coordenadora mundial do encontro, a brasileira Miriam Nobre, disse à ministra que o governo brasileiro deveria ouvir as mulheres dos países nos quais aumentou a sua presença nos últimos, citando os casos específicos de Moçambique e Haiti. “A presença brasileira está causando um impacto muito grande na vida desses países”, afirmou.

Essa é a primeira vez que a Marcha Mundial das Mulheres (MMM) realiza seu encontro internacional no Brasil. Segundo os organizadores, são quase 1,6 mil mulheres de todo o mundo que irão debater até sábado temas relacionados à questão feminista.

A Marcha iniciou suas atividades em Quebec, no Canadá, em 1995. Ela se alinha a movimentos sociais de caráter popular, como a Via Campesina, que defende a reforma agrária e também se espalha por vários países. Entre as conferencistas convidadas encontra-se Malalaia Joya. Ela já foi chamada de “a mulher mais corajosa do Afeganistão”, por ter denunciado crimes de guerra cometidos por militares e por suas críticas ao fundamentalismo talibã.

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