02/12/2013 – Croatas votam contra união gay

02 de dezembro, 2013

(O Globo) Os croatas votaram e decidiram neste domingo: casamento, só entre homem e mulher. Foi aprovado no país, em referendo, uma revisão da Constituição para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A iniciativa partiu da oposição conservadora e contou com o apoio da Igreja Católica, mas foi criticada por adversários como discriminatória contra os homossexuais.

A solicitação para que o referendo acontecesse cresceu após o governo introduzir, no ano passado, a educação sexual nas escolas e, em seguida, dar a entender que iria conceder alguns direitos a casais do mesmo sexo, como à herança, por exemplo, embora o país não permita o casamento formal entre eles. A Croácia, que entrou na União Europeia em julho, é um país fortemente católico, com cerca de 90% de seus 4,4 milhões de habitantes fiéis à Igreja, que apoiou incondicionalmente o referendo.

Os primeiros resultados oficiais, com um terço das urnas apuradas, apontaram que 65% dos eleitores disseram “sim” à pergunta se a Constituição deveria definir o casamento como “uma união entre um homem e uma mulher”. Ainda não foi divulgado o índice de comparecimento às urnas, mas três horas antes do encerramento da votação, a Comissão Eleitoral revelou que estava em torno de 26%.

Durante as missas deste domingo, padres croatas convocaram os católicos a votarem em massa e “defenderem os valores tradicionais” da igreja. O governo de centro-esquerda mobilizou-se nos últimos dias contra a emenda constitucional. O primeiro-ministro, Zoran Milanovic, um dos primeiros a votar de manhã, lamentou que o país tenha sido arrastado para um referendo “triste e sem sentido”.

– O espaço íntimo de uma família não é algo em que devemos nos meter – disse Milanovic à imprensa.

O primeiro-ministro afirmou ainda que o governo vai propor na próxima semana um projeto de lei sobre a concessão de direitos mais amplos para uniões do mesmo sexo.

Proteção da família

Na Croácia, as marchas do orgulho gay tornaram-se rotina, mas parceiros do mesmo sexo ainda enfrentam muitos desafios práticos.

– Não tenho o direito de herdar a propriedade da minha namorada, não podemos adotar filhos ou nos casar. Não poderia visitá-la se ela acabasse em uma casa de idosos – disse Marta Susak, uma estudante de 21 anos, que foi votar de mãos dadas com a namorada, Mima Simic.

Mas para Tomislav Karamarko, líder do partido conservador HDZ, o maior da direita nacionalista, o referendo destina-se a proteger a família contra imposições externas:

– Não se trata de ameaçar os direitos dos outros, mas de manter o direito a ser quem nós somos. Infelizmente, para isso temos de introduzir na Constituição uma coisa que deveria ser natural.

Acesse o PDF: Croatas votam contra união gay (O Globo – 02/12/2013)    

 

 

 

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