12/02/2014 – Governo articula para impedir que Bolsonaro assuma Direitos Humanos

12 de fevereiro, 2014

(O Globo) Na Câmara, beijaço contra candidatura à presidência da Comissão

De olho na pressão externa, o PT e o governo reforçaram ontem as articulações políticas para tentar impedir que o polêmico deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) seja o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara. Um pequeno grupo de jovens fez barulho ontem na Câmara em protesto contra Bolsonaro. O PT não tem intenção de assumir o comando da comissão, mas, depois da traumática presidência do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) no ano passado, os petistas negociam com os demais partidos a distribuição dos cargos. As maiores bancadas têm o direito de escolher primeiro as comissões que querem presidir. Diante de tanta polêmica, a definição foi adiada para semana que vem.

– Se depender de nós, nunca mais a Comissão de Direitos Humanos vai passar pelo constrangimento que passou ano passado – disse o líder do PT, deputado Vicentinho (SP), após reunião de sua bancada.

A Ministra Eleonora Menicucci (mulheres) pressiona o PT a priorizar a Comissão de Direitos Humanos, mas os petistas tentam empurrá-la para aliados como o PDT e o PCdoB. A prioridade da maioria da bancada do PT é a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara e por onde os projetos têm que passar obrigatoriamente.

O PT tem direito a presidir três comissões. Além da pressão de Eleonora Menicucci, o ministro Arthur Chioro (Saúde) faz lobby para que a bancada comande a Comissão de Seguridade Social e Família. O PP usa a Comissão de Direitos Humanos e a indicação de Bolsonaro como forma de pressão para conseguir a que realmente é de seu interesse, a de Minas e Energia.

No meio da tarde, cinco jovens da União da Juventude Socialista (UJS) protestaram contra a possibilidade de Bolsonaro assumir a CDH. Com cartazes, palavras de ordem e beijos na boca, as estudantes repetiam que não querem um filhote da ditadura, homofóbico, racista e fascista .

– A juventude que foi às ruas não quer a retirada de direitos humanos, quer que eles se ampliem. Não somos hetero nem lésbicas, somos livres. Queremos chamar os partidos à responsabilidade para que a comissão não caia em mãos erradas. Bolsonaro é inimigo dos Direitos Humanos. Essa Casa errou no ano passado e quem pagou foram os movimentos LGBT, os negros – disse Maria das Neves, da UJS.

Percebendo a movimentação, Bolsonaro foi até o Salão Verde e começou a falar com os jornalistas. Reafirmou que trabalha para ser o escolhido e polemizou:

– Quando defendo pena de morte é para minoria que aterroriza a maioria. Minha comissão não terá espaço para defender esse tipo de pessoa! Direitos Humanos não é para vagabundo. Elas podem se beijar à vontade. Minha briga não é contra o homossexual, mas contra material escolar que estimula homossexualismo. Por que tenho que respeitar homossexuais? Eles é quem têm que nos respeitar!

Para ele, presos não têm que ter tratamento humanitário.

– Quem estupra, mata, tem que ir para lá (prisão) sofrer. Pedrinhas é a única coisa boa do Maranhão. É só não matar, estuprar, que não vai – disse.

Acesse o PDF: Governo articula para impedir que Bolsonaro assuma Direitos Humanos (O Globo, 12/02/2014)

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