Mulheres avançam no mercado de trabalho, mas ainda estão em desvantagem

18 de março, 2014

(Agência Senado) Maior taxa de desocupação, vínculos trabalhistas mais precários, presença menos frequente em cargos de chefia e menor remuneração. Apesar de a situação ter melhorado nos últimos anos, estes ainda são desafios a serem enfrentados pelas mulheres brasileiras no mercado de trabalho, segundo a coordenadora de Igualdade de Gênero e Raça do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Natália de Oliveira Fontoura.

Em audiência na Comissão de Direitos Humanos nesta terça-feira (18), ela disse que o fato de as tarefas domésticas serem vistas como atividades femininas provaca um reflexo direto na inserção da mulher no mercado, onde a primeira dificuldade aparece logo no início: estar disponível para um emprego e depois encontrar um posto de qualidade, com remuneração adequada.

– A visão da trabalhadora como mãe, filha ou esposa e com responsabilidades familiares se contrapõe a uma visão de que o trabalhador ideal ainda é um homem, totalmente disponível para o trabalho, o que reforça a situação desigual entre os gêneros – afirmou.

Segundo ela, em 2011, 37,2% das mulheres com dez anos ou mais ocupadas estavam em posições consideradas precárias (empregada sem carteira; trabalhadora doméstica; sem remuneração ou na produção para o próprio consumo). Entre os homens, tal índice era de 24,4%.

A especialista pregou a desconstrução deste modelo de trabalhador ideal e defendeu a importância do equilíbrio entre família, trabalho e vida social.

– É necessária uma grande mudança cultural, mas é possível adotar políticas públicas para transformar tal realidade – afirmou.

Governo

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, enumerou as ações do governo para o setor, como Pró-Equidade de Gênero e Raça, lançado na tarde desta terça em Brasília. O programa, que está em sua quinta edição, visa a combater a discriminação e a aumentar a autonomia econômica e social das mulheres.

A ministra informou que tem feito uma cruzada para que estados e municípios brasileiros criem órgãos e secretarias especializadas com pessoal e recursos próprios.

– Entre secretárias, conselhos e superintendências, em dez anos, conseguimos saltar de 13 para 603 organismos. Nossa meta é chegar a mil até o fim de 2014 – informou.

Outro desafio, segundo Menicucci, é diminuir, até 2016, o índice de morte materna no Brasil, de 61 mortes por 100 mil nascidos vivos para 35 por 100 mil.

Para isso, segundo a assessora técnica do Ministério da Saúde, Claudia Araújo, que também participou da audiência desta terça-feira, será preciso investir na ampliação do acesso ao pré-natal e na melhoria da qualidade dos serviços de saúde, bem como de assistência ao parto.

– Hipertensão, hemorragias, infecção puerperal e aborto são as maiores causas de morte materna – informou.

Projetos

A presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES), por sua vez, elencou as ações legislativas adotadas pelo Congresso Nacional, entre elas, o PLS 298/2013, que cria o Fundo Nacional para Enfrentamento da Violência contra a Mulher, e a Emenda Constitucional 72, que garantiu uma série de direitos aos trabalhadores domésticos.

– Só a CPMI da Violência contra a Mulher resultou na elaboração de 13 projetos e, com o esforço das bancadas femininas no Senado e na Câmara, pretendemos aprová-los nesta legislatura – afirmou.

Também participou da audiência a secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres da Presidência da República, Tatau Godinho.

Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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