A desestabilização do cenário eleitoral, por Jacira Melo

14 de agosto, 2014

Ainda sob o impacto da notícia da morte do candidato Eduardo Campos, Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão e especialista em comunicação, faz algumas reflexões sobre o momento eleitoral.

A “nova” eleição presidencial de 2014

Se antes do evento trágico, que vitimou ainda outras seis pessoas, o cenário eleitoral já se mostrava atípico, pode-se dizer que a morte prematura do candidato do PSB à Presidência coloca um cenário desestabilizado, repleto de incertezas e indagações.
O panorama eleitoral que se tinha até então, delineado por pesquisas de intenção de voto, estratégias de campanha e acordos, já é passado. Continuam a compor o atual cenário as incertezas da economia e os efeitos remanescentes das inquietações e manifestações de junho de 2013. Mas aumenta em grau e volume a imprevisibilidade quanto aos novos rumos da eleição presidencial, o que significa dizer que rearranjos estratégicos provavelmente serão adotados pela candidatura de reeleição da presidenta Dilma e do senador Aécio.
Algumas questões para contribuir em nossas reflexões:

Quem vai herdar os votos de Campos?

Em um momento em que boa parte do eleitorado mostra-se alheio ao processo eleitoral e que as campanhas mal haviam começado, a morte de Eduardo Campos provoca forte impacto não apenas entre seus eleitores. Trata-se do mais significativo fato eleitoral até o momento, despertando a atenção de todos os brasileiros e provocando manifestações abertas como “Campos era o meu candidato”.
O primeiro momento de visibilidade nacional do candidato do PSB aconteceu na véspera de sua morte, em entrevista ao ‘Jornal Nacional’. Aí começara de fato a campanha presidencial de Campos, cujo programa televisivo seria o primeiro a ser apresentado, no dia 19, terça-feira.

Marina será candidata?

Marina Silva declarou que só volta a falar em política após o enterro de Campos. O governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem dito que o corpo só será liberado no próximo domingo. Estarão em pauta nos próximos dias as condições que Marina irá exigir para assumir a candidatura pelo PSB e, ao mesmo tempo, as condições do partido para assumir Marina como candidata à Presidência. 

Datafolha inclui nome de Marina em nova pesquisa nacional 

O Ibope divulgou nota informando que retomará as pesquisas depois que o PSB definir o nome de seu novo candidato.

O Datafolha informa que amanhã e sábado, fará pesquisa nacional incluindo o nome de Marina como candidata à Presidência, cujos resultados serão divulgados já na segunda-feira.

PSB e Marina: uma relação difícil

Segundo um deputado federal do PSB, o único consenso no partido é a antipatia em relação a Marina. Roberto Amaral, vice-presidente da legenda, mantém uma relação bastante conflituosa com a ex-senadora. Tudo indica que Amaral assumirá a presidência do partido. O que coloca as perguntas: ele defenderá outro nome como candidato? Defenderá adesão à candidatura Dilma? Ou aceitará o nome de Marina como candidata natural?
Fontes próximas ao governo dizem que o Planalto e a coordenação da campanha à reeleição presidencial apostam em um segundo turno se Marina Silva confirmar sua candidatura. Em pesquisa Datafolha do início de abril, Marina atingia 27% das intenções de voto, atrás da líder Dilma Rousseff, com 39%.
Por enquanto, tudo pode acontecer. O país está próximo de ter duas mulheres com força eleitoral na disputa presidencial de 2014. Em relação a todos os debate do momento é imprescindível lembrar que tudo vai depender da percepção e avaliação de eleitores e eleitoras.

 

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