Assembleias de todo o País terão 26 mulheres a menos

13 de outubro, 2014

(A Tarde, 13/10/2014) A população brasileira terá 26 representantes femininas a menos na próxima legislatura (2015-2018) dentro das Assembleias Legislativas de todo o país, segundo levantamento exclusivo feito por A Tarde.

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Dezessete casas legislativas terão menos deputadas do que na atual legislatura. A quantidade de mulheres aumentará em cinco Assembleias, enquanto o número de deputadas será igual em quatro estados.

Do total de 1.042 representantes eleitos para a próxima legislatura, 119 são mulheres, ou seja, 11,4% do total. Na Bahia, a bancada feminina diminuiu de dez para sete representantes. O estado ocupará o 15º lugar em participação feminina nas Assembleias, com 11,1% de mulheres no quadro geral – 63, no caso da Bahia.

Três deputadas estaduais baianas não disputaram reeleição: Maria Luiza (PSC), Graça Pimenta (PMDB) e Maria Luiza Laudano (PSD). Outras seis conseguiram se reeleger: as petistas Luiza Maia, Maria del Carmem, Neusa Cadore e Fátima Nunes, além de Angêla Sousa e Ivana Bastos, ambas do PSD. Kelly Magalhães (PCdoB) tentou outro mandato, mas não teve sucesso nas urnas.

Desinteresse

Única  novata eleita para a Assembleia Legislativa da Bahia, Fabíola Mansur (PSB) afirma que a dificuldade em conseguir financiamento para a  campanha e a sobrecarga de tarefas das mulheres são fatores que influenciam na baixa representatividade.

“O desinteresse das mulheres pela política é nítido na medida em que elas têm um compromisso com a família, os filhos, a educação. Somado a isso, se não há uma estrutura partidária que consiga colaborar com candidaturas femininas e sem financiamento público de campanha, como é possível as mulheres ficarem visíveis?”, questiona a deputada eleita.

Fabíola comemora, porém, o aumento da bancada feminina  baiana na Câmara Federal, que terá três representantes. Tia Eron (PRB) e Moema Gramacho (PT) se juntarão a Alice Portugal (PCdoB) na próxima legislatura.

Vice-presidente da Comissão de Direitos da Mulher e atuante na defesa do segmento, a deputada Luiza Maia concorda com a avaliação de que, para as mulheres, é mais difícil conseguir apoios financeiros e aponta os partidos políticos como “espaços machistas”. “Os partidos não acolhem as mulheres; somos colocadas de escanteio. Precisamos de uma reforma urgente”, diz.

A petista conta que, mesmo com um mandato reconhecido, teve dificuldades para conseguir votos. “Não é uma coisa simples. Na última eleição municipal, por exemplo, tivemos 70 candidatas da nossa coligação em Camaçari e só uma se elegeu vereadora”, afirma.

Com 42.037 votos nesta eleição, Luiza só teve melhor desempenho, dentro da sua coligação, do que Ângela Sousa (PSD), que conseguiu 41.013 votos,  e Marcelino Galo (PT), que obteve 39.360 votos.

Poder

Fabíola e Luiza se alinham na defesa da adoção da lista fechada com paridade de gênero para as eleições proporcionais. Neste modelo,  os candidatos seriam apresentados em ordem fixa, determinada pelo partido e o eleitor votaria na lista, que teria igualdade entre homens e mulheres.

O modelo, no entanto, é criticado pelo cientista político Joviniano Neto. “O importante é  fortalecer primeiro o poder das mulheres na sociedade, nos movimentos e nos partidos. Política é uma questão de poder; ninguém ocupa espaços de poder sem ter algum poder antes”, afirma.

Segundo ele, alterar a legislação para obrigar a uma igualdade entre os gêneros seria uma “tentativa de educar um povo que se considera mal-educado, mudando a cultura de cima para baixo”. Ele diz que os eleitores escolhem seus candidatos como “instrumentos adequados para defender seus interesses”.

O cientista político  lembra os efeitos que a lista fechada pode trazer para fortalecer a existência de mulheres na política como expressão do poder do marido, do pai ou da família. “Se você botar lista fechada, os presidentes dos partidos vão escolher suas noras, secretarias, amigas dos financiadores de campanha, etc”, exemplifica.

O levantamento de A Tarde sobre aumento de mulheres deputadas estaduais só não considerou a Assembleia Legislativa de Roraima, cujo site não informa o atual número de cadeiras femininas.

Rodrigo Aguiar

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