Em Brasília, gestores e militantes discutem saúde de mulheres lésbicas e bissexuais

26 de novembro, 2014

(Portal da Saúde, 26/11/2014) O Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), da Presidência da República, realiza até esta quinta-feira, dia 27 de novembro, o seminário sobre ‘Atenção Integral à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bissexuais’.

O evento acontece no Quality Hotel, no Guará – área metropolitana de Brasília/DF– e tem como principal objetivo a sensibilização das gestões do Sistema Único de Saúde(SUS), no que diz respeito à promoção e atenção integral à saúde de mulheres lésbicas e bissexuais, considerando suas especificidades e enfatizando estratégias preventivas para o combate em DST/AIDS e hepatites virais. Mais de cem pessoas, entre gestores, militantes e profissionais de saúde, participam do evento.

Os Ministros da Saúde, Arthur Chioro, e da SPM, Eleonora Menicucci e Verônica Lourenço, Conselheira Nacional de Saúde e coordenadora nacional da Liga Brasileira de Lésbicas(LBL) fizeram parte da solenidade de abertura do evento.

Para Menicucci, o respeito e a legitimação das demandas sanitárias, de mulheres lésbicas e bissexuais, é também garantia de equidade. “O Governo Federal não considera as mulheres uma massa compacta em suas características, similitudes e desejos. Tratar as mulheres como elas gostariam de ser tratadas é também garantir equidade”, disse.

A conselheira Nacional de Saúde, Verônica Lourenço, disse que apesar dos avanços na área, muita coisa ainda precisa ser feita e que, numa situação ideal, seminários como o que se realiza agora não teriam sentido, pois todos e todas gozariam de saúde de qualidade, respeito e dignidade dentro do SUS, mas que esse tipo de atividade é essencial para que a realidade de desrespeito, lesbofobia e violência seja transformada.

LIVRETO – A manhã do primeiro dia de evento também foi palco para o lançamento e distribuição do livreto intitulado “Atenção Integral à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bissexuais”. Trata-se, de fato, de um consolidado com o relatório da Oficina de Saúde da Mulher Lésbica, realizado ano passado pelo MS e SPM.

O Departamento de Apoio à Gestão Participativa (DAGEP) da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP/MS), executa ações, desde 2011, em prol da saúde de mulheres lésbicas e bissexuais, bem como promove o combate à misoginia e estimula o diálogo intersetorial entre as diversas políticas de saúde em prol do atendimento adequado às necessidades integrais desse público, conforme orientado pela Portaria 2836, de 1 de Dezembro de 2011, que institui no SUS a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

O DAGEP, reconhecendo a legitimidade das demandas de saúde específicas de lésbicas e bissexuais, publicou, ano passado, uma cartilha chamada “Mulheres lésbicas e bissexuais – Direitos, Saúde e Participação Social”

Além disso, o departamento estimula e apoia, direta e indiretamente, encontros, seminários e cursos, cuja temática é a promoção do equilíbrio das relações de gênero, da cultura da não violência às mulheres e ,especialmente, sobre a integralidade do cuidado às mulheres lésbicas e bissexuais.

SINCERIDADE PARA A SAÚDE – No Seminário, o Ministro Chioro falou sobre a importância e o papel simbólico da instituição da Política de Saúde Integral LGBT para a vida prática e real desse grupo populacional e sobre a pertinência de discussões do encontro. “Como alguém consegue ser cuidado sem ser sincero, sem falar verdadeiramente de suas necessidades? A partir de discussões como essas, pautamos nossas ações para novas possibilidades, para um ‘jeito de cuidar’ que diminua o sofrimento. O respeito ao outro é fundamental para a convivência entre seres humanos”, disse.

ÓDIO E INTOLERÂNCIA – Preocupado com a crescente onda de violência e ataques nas redes sociais, que muitas vezes se traduzem em sofrimento mental e agressões físicas, o Governo Federal criou, no último dia 20 de novembro, o Grupo de Trabalho de combate aos crimes de ódio e intolerância na internet.

O Grupo é composto por representantes das Secretarias de Direitos Humanos (SDH), Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Política para as Mulheres (SPM) – odas ligadas à Presidência da República – além das representações da Polícia Federal, Ministério da Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais (CONDEGE).

Segundo dados publicados no sítio do CONDEGE, atribuídos à organização SaferNet, 527 mil páginas da internet foram denunciadas por violação de direitos e crimes cibernéticos. Com um acréscimo de quase 600%, em relação ao ano de 2013, o número de denúncias ultrapassa os 3.4 milhões.

Grande parte desses crimes de ódio que se prolifera na internet, é direcionado à comunidade LGBT e muitos dessas agressões extrapolam os limites das telas de computadores e smartphones e se materializam em agressões físicas.

ARMÁRIOS E BEIJOS ESCONDIDOS – Para a deputada federal Érika Kokay, a invisibilidade da situação das mulheres lésbicas castra as possibilidades de felicidade, saúde e do exercício oportuno das feminilidades. Kokay foi convidada a abrir a primeira mesa de trabalho do dia que tratava da ‘Revisão Bibliográfica sobre a atenção integral à saúde de mulheres lésbicas e bissexuais’.

“A sociedade tem que acolher e respeitar a todos e todas. Não há dignidade humana em ‘armários’, com beijos escondidos, só com preto e o branco, mas entre o preto e o branco, há um arco-íris”, refletiu.

O Seminário “Atenção Integral à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bissexuais”, segue até o dia 27 de novembro. Para consultar a programação completa do evento, clique aqui.

Acesse no site de origem: Em Brasília, gestores e militantes discutem saúde de mulheres lésbicas e bissexuais (Portal da Saúde, 26/11/2014)

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