Mulheres com HIV debatem de qualidade de atendimento às novas tecnologias, em São Paulo

22 de julho, 2015

(Agência Aids, 22/07/2015) Mulheres e HIV, relação entre adesão ao tratamento antirretroviral e serviço de saúde, novas tecnologias de prevenção, incertezas e direitos das pessoas vivendo com HIV/aids e transferência do  atendimento de pessoas com HIV para as UBSs (Unidades Básica de Sáude). Não faltou assunto neste primeiro dia do curso de capacitação “Ampliando Horizontes”, que reúne, em São Paulo, mulheres soropositivas com objetivo de trocar informações, experiências e aprendizados sobre a doença.

A organizadora do evento e membro do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas, Maria Elisa, contou para as participantes que sempre se sentiu acolhida no Hospital Emílio Ribas, serviço de saúde onde se trata desde os anos 90. “Minha relação com o meu médico é excelente, sinto que há humanização e a equipe me trata com muito carinho. Acredito que o bom atendimento contribuiu muito para a adesão aos antirretrovirais e para a qualidade de vida”, relatou.

Mas essa não é a realidade de todos que precisam de tratamento. “Fico até incomodada com a fala da Maria Elisa, os nossos serviços estão sucateados. Muitas vezes me sinto um vírus entrando na sala do médico”, discorda Adriana Aros. Segundo a militante de Osasco (SP), responsável pela Associação Liberdade com Amor e Respeito à Vida, há muitos médicos que atendem sem olhar o paciente no olho. “Eles simplesmente receitam o medicamento e não estão interessados nos efeitos colaterais.”

Ainda, segundo Adriana, os serviços de referência em DST/aids estão perdendo qualidade. “Por mais que o governo estadual nos diga que não vamos ser atendidos nas UBSs, a realidade é outra. Estamos sendo migrados sim, e a consequência disso é que os novos pacientes estão sendo recebidos por médicos despreparados e desqualificados. O SUS adoeceu e os infectologistas estão em extinção.”

Participam deste evento mulheres que se definem como HIVéias  (vivem com HIV há muito tempo), outras que receberam o diagnóstico recentemente e desconhecem seus direitos e outras que buscam mais empoderamento na luta contra a aids.

Na segunda etapa do dia, as mulheres receberam a infectologista, Naila Janilde, do CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids) de São Paulo. A especialista apresentou as novidades sobre as novas tecnologias de prevenção adotadas ou não no Brasil.

“Hoje, não adianta só falar ‘use preservativo’. É preciso discutir gestão de risco e debater todas as possibilidades de prevenção possíveis. Assim, damos ao cidadão o direito de decidir como vai se prevenir do HIV. O preservativo é ainda a primeira opção de prevenção, mas existem outras, como a PrEP (profilaxia pré-exposição) ao HIV  e a PEP (profilaxia pós-exposição).”

A PrEP, segundo Naila,  é uma estratégia que envolve o uso de antirretrovirais para reduzir o risco de uma pessoa se infectar pelo HIV. Desde 2010, os resultados de várias pesquisas vêm comprovando que o uso diário de um comprimido que combina dois medicamentos – o tenofovir e a emtricitabina – comercializado com o nome de truvada, é eficaz na prevenção da aquisição do HIV por via sexual.

Já a PEP é uma espécie de “coquetel do dia seguinte”. Indicada para quem já se expôs ao risco, ela impede a instalação do vírus se os antirretrovirais forem tomados em até 72 horas após o contato e durante 28 dias seguidos, sempre com orientação médica.

Ainda, segundo Naila, existem outras opções que ajudam a diminuir o risco de infecção pelo HIV, como a circuncisão masculina – operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele que cobre a glande do pênis –  e o uso de um gel microbicida com o antirretroviral tenofovir, que pode impedir a infecção vaginal. “Nenhum método de prevenção é seguro 100%, mas é possível ficar atento e evitar a infecção pelo HIV”, finalizou Naila.

O evento segue nesta quinta e sexta-feira no hotel San Raphael, em São Paulo. Amanhã (23), estão programados rodas de conversas e atividade de beleza.

Talita Martins

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