Cortes na Faperj podem prejudicar pesquisas sobre zika, diz diretor

23 de março, 2016

(O Globo, 23/03/2016) Fundação é responsável por 35% das pesquisas sobre o vírus no país.

O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, tem receio de uma “fuga de cérebros” no Rio, caso o governo estadual corte 50% do orçamento da instituição, conforme anunciado recentemente. Na quarta-feira, ele participou de audiência pública na Assembleia Legislativa para falar do impacto financeiro na rede de pesquisa sobre o vírus zika comandada pela fundação:

— A rede vai ficar acanhada. Estamos garantindo os recursos iniciais, mas não sei se para o futuro a gente vai conseguir. Ainda há mais perguntas do que respostas sobre a doença. Temos que agir rápido para não perdermos talentos para outros estados e até para outros países.

De acordo com a Faperj, desde 2007 a instituição investiu R$ 36,1 milhões em pesquisas sobre o vírus zika, mas, com o atraso nos repasses, em 2015, foram aplicados apenas R$ 676 mil. Em 2014, o valor foi de R$ 5,3 milhões, por exemplo. Segundo Jerson, para manter os estudos este ano, são necessários R$ 12 milhões, referentes ao edital aberto no fim de 2015.

— A rede está sendo montada, mas os laboratórios têm equipamentos caros, que precisam de manutenção. Vínhamos bem até 2014. Mas, se tudo começar a desmontar, as pesquisas vão parar e levaremos mais 10 ou 20 anos para ter toda a estrutura novamente.

Na quarta-feira, o governo federal anunciou investimento de R$ 1,2 bilhão em pesquisas sobre o zika, e Jerson espera que a Faperj possa se candidatar a editais.

Coordenador da rede de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mário Alberto Neto disse que a ciência precisa dar uma resposta imediata aos casos de zika e dengue. Mas, sem investimentos, isso pode demorar.

— Se não tivermos respostas, vamos ficar reféns de outros países. O custo será maior do que o investimento.

Uma das pesquisas de Mário Alberto está relacionada a plantas modificadas geneticamente, que podem fazer o mosquito continuar se alimentando apenas de vegetais, sem sangue humano.

Luís Guilherme Julião

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