Zika se torna dilema para brasileiras que tentam fertilização in vitro

08 de abril, 2016

(G1/Ciência e Saúde, 08/04/2016) Muitas pacientes estão congelando seus embriões e óvulos. Segundo clínica, houve aumento de 10% a 15 % no congelamento de embriões em SP.

A propagação do vírus da zika no Brasil e sua provável relação com a microcefalia em recém-nascidos gerou um impasse para centenas de futuras mães – muitas delas mulheres que lutam contra o relógio biológico – sobre se convêm ou não adiar os tratamentos de fertilização in vitro.

Tatiane Martins, de 33 anos, por exemplo, decidiu interromper seu plano de engravidar por medo da zika.

“Comecei a ver muitas notícias na TV e me assustei com o que a zika poderia gerar, principalmente pela possibilidade da microcefalia. Fiquei confusa e ansiosa porque já tinha começado o processo e tive que interromper toda a medicação”, contou Tatiane à Agência Efe.

Após suspender o tratamento de fertilidade, ela se viu obrigada a congelar os embriões na esperança de retomar o processo ainda neste mês, quando especialistas acreditam que a proliferação do mosquito Aedes aegypti diminuirá por conta da diminuição das chuvas e da temperatura.

De acordo com o diretor da clínica Fertivitro, Luiz Eduardo Albuquerque, o congelamento de embriões aumentou de 10% a 15% em São Paulo nos últimos quatro meses.

“Muitas pacientes estão congelando seus embriões e óvulos, e atrasando o processo de fertilização”, disse o ginecologista.

Especialistas aconselham às mulheres a tomar certas precauções, mas alguns não consideram necessário interromper o processo.

“A escolha está nas mãos da mulher e da família. Não acho que seja necessário adiar a gravidez. O que podemos fazer é reforçar o uso de repelente e instruí-las a tomar certas medidas para evitar o mosquito”, acrescentou Albuquerque.

Para ele, houve um “exagero da mídia” em torno da questão. Em sua opinião, o vírus não deve ser motivo para o adiamento da gravidez, já que as consequências da doença ainda não são completamente conhecidas.

Na semana passada, os Centros de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) lançaram novas diretrizes sobre o tempo que as mulheres que contraíram a zika têm que esperar antes de tentar engravidar.

Segundo a entidade americana, aquelas que querem ter um filho devem aguardar pelo menos dois meses, contados a partir do aparecimento dos sintomas, para voltar a tentar.Em novembro de 2015, quando aumentou o número de casos de microcefalia, o Ministério da Saúde recomendou que as mulheres adiassem os planos de gravidez.

O levantamento mais recente do órgão confirmou 944 casos de microcefalia possivelmente associados ao vírus da zika, enquanto 4.291 ocorrências de recém-nascidos ou fetos com sintomas semelhantes estão sendo analisadas.

Sandra Valencio, que também tem 33 anos, quer ser mãe e seu marido passou por uma vasectomia, o que dificulta uma gravidez pelos métodos tradicionais. Apesar do risco de transmissão da zika, o casal decidiu continuar o tratamento in vitro iniciado há três anos.

“Eu não ia interromper de maneira alguma meu desejo de ser mãe por causa dos casos de zika. Não temos informações concretas e, se redobrarmos os cuidados, é possível ter uma gravidez tranquila”, explicou.

Para a ela, parar o processo representa “jogar dinheiro no lixo”, já que somando gastos com vitaminas, consultas e injeções estima ter investido, aproximadamente, R$ 20 mil.

De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o total de embriões congelados no Brasil chegou a 67.359 em 2015, 40,8% a mais do que em 2014.

Da Agência Efe

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