Frente à confirmação do elo entre zika e microcefalia, representantes da ONU, OMS e ministério apostam em campanhas para as mulheres

15 de abril, 2016

(Diário de Pernambuco, 15/04/2016)“A partir de agora, o foco do trabalho deve ser na prevenção por meio do empoderamento das mulheres.” A afirmação é do representante do Fundo de População da Organização das Nações Unidas (UNFPA), Jaime Nadal. Depois que autoridades de saúde dos Estados Unidos confirmaram a relação entre o vírus zika e a microcefalia em fetos, as instituições internacionais ligadas ao tema defendem que as políticas públicas se voltem ainda mais para as mulheres. Se antes trabalhava-se na busca de evidências cada vez mais sólidas da relação entre zika e microcefalia, além da eliminação dos focos do mosquito, o momento agora é de também combater a epidemia através da conscientização.

Representantes da ONU, da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), do Ministério da Saúde e de movimentos sociais participam, no Recife, de uma conferência sobre o assunto. O evento começou ontem, em um hotel em Boa Viagem, e será encerrado hoje. O objetivo do 2º Encontro da Sala da Situação, Ação e Articulação sobre Direitos de Grupos em Situação de Vulnerabilidade é discutir a resposta nacional à epidemia do vírus zika.

Para Jaime Nadal, o Brasil deve promover uma abordagem ao zika similar à realizada na campanha global que liderou contra o HIV. “O Brasil fez isso garantindo o acesso universal aos medicamentos e um empoderamento grande dos grupos mais vulneráveis, com um olhar não estigmatizante. Serão necessárias ações não só da área da saúde, mas do meio ambiente, cidades, desenvolvimento social, direitos humanos, mulheres e educação”, ressaltou. Nadal destacou, ainda, a necessidade de as autoridades de saúde olharem com atenção especial para as mulheres negras e pobres. “Em geral, elas moram nas áreas mais afetadas pelo zika e têm pior acesso aos serviços sociais e de saúde.”

Coordenadora do grupo de pesquisa em resposta ao zika da OMS, Nathalie Broute enfatizou que as mulheres devem ser bem informadas, com aconselhamento adaptado aos níveis de conhecimento e entendimento, além de oferta de opções. “É preciso que elas tenham escolhas conscientes. Deve haver acesso fácil a contraceptivos, por exemplo”, comentou. Para a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, a sociedade tem esquecido que as mulheres estão vulnerabilizadas pela epidemia de zika e muitas vezes são culpabilizadas também. “Há um foco grande em combater o mosquito, algo importante. Mas precisamos mudar o olhar e pensar nos direitos das mulheres. É uma doença com impacto muito grande nas suas vidas. Requer delas a posição principal nas respostas”, observou.

Está a segunda edição da conferência, que vai dar seguimento a uma análise conjunta realizada pela primeira vez em março deste ano, em Brasília. Pernambuco foi escolhido para sediar o encontro porque é o estado com maior número de casos notificados de microcefalia. O último boletim epidemiológico, divulgado na última terça-feira pelo Ministério da Saúde, aponta que Pernambuco apresenta 1.849 notificações.

Larissa Rodrigues

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