Além do zika: pesquisadores estudam novas sequelas da malária em fetos de mulheres grávidas

02 de maio, 2016

(R7, 02/05/2016) Equipe australiana veio ao Brasil para analisar e ajudar a prevenir impacto em gestantes.

Transmitida também por mosquito, a malária é doença já conhecida no Brasil e que, como o zika vírus, costuma ter influências no desenvolvimento do feto. Há anos pesquisadores têm tentado desvendar com detalhes as sequelas deixadas pela doença tanto nas mães quanto nos bebês.

Com este objetivo, a Universidade de Melbourne, Austrália, tem realizado estudos em conjunto com a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan para detectar todas as reações provocadas pela infecção em mulheres grávidas.

O médico Stephen John Rogerson, professor do Departamento de Medicina da Universidade, compôs a comitiva que veio ao Brasil em abril para acompanhar alguns trabalhos do Butantan. A data de 25 de abril lembra o Dia Mundial de Luta contra a Malária.

Ele explicou ao R7 que as sequelas deixadas nos bebês pela malária, transmitida por 54 variações do mosquito Anopheles, têm diferença em relação à zika.

— A diferença é que a malária não afeta especificamente o desenvolvimento do cérebro do bebê. Há um efeito geral no desenvolvimento do bebê, que pode nascer prematuro, menor do que o normal. Poderá até haver efeitos no cérebro, mas na zika este é o maior problema e na malária não.

Transmitida pelo protozoário Plasmodium, a forma mais grave da doença é a malária cerebral, que prejudica o sistema cognitivo e comportamental da pessoa, afetando sua memória, a atenção e podendo gerar transtorno de ansiedade, devido a substâncias produzidas pelo próprio organismo do infectado, na busca da imunização.

Mas as anomalias no desenvolvimento dos fetos, também afetados, têm sido a maior preocupação de Rogerson. Ele se interessou por trabalhos realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo na região do Acre, onde ainda ocorrem epidemias.

Segundo Rogerson, a prevenção ainda é o melhor caminho, já que a vacina, desenvolvida por cerca de 20 anos e introduzida há cerca de um ano pela Organização Mundial de Saúde, segundo ele, ainda precisa de maior eficácia.

— Esta vacina dá apenas cerca 30% de proteção, precisamos de uma vacina mais forte para fornecer à população.

A doença mata por ano mais de 500 mil crianças com menos de 5 anos no mundo, segundo a OMS. Na Austrália, Rogerson conta que ela já foi eliminada, mas em Papua-Nova Guiné, na Oceania, ainda há epidemias. A equipe do médico trabalha no local para tentar debelá-las.

— Nosso trabalho em Papua-Nova Guiné é o de tentar prevenir para que, principalmente, as mulheres grávidas não peguem a doença.

Países africanos, como Burkina Faso, Gabão, Gana, Malaui, Moçambique, Quênia e Tanzânia também ainda têm surtos da infecção. Na África subsaariana, por volta de 1.300 crianças morrem por dia em função da doença.

No Brasil, foram 143 mil casos de malária em 2015, com 26 mortes. O País está em um processo de redução da doença, dentro do Plano de Malária do Brasil. Em 2013, foram 177.767 casos, com 41 mortes, a maioria na região Amazônica.

A nova arma transgênica para acabar com a malária

Focos de água parada e transfusão de sangue infectado ou seringas contaminadas são causas da doença. Além da vigilância sanitária, uma das principais formas de prevenção ainda é o uso de repelentes, e principalmente muita atenção daqueles que estão em regiões epidêmicas. Os principais sintomas são febre, diarreia, vômitos, dor de cabeça, dor abdominal, falta de apetite e mal estar geral.

Eugênio Goussinsky

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