Sem mulheres e negros, governo Temer indica fragilização de direitos humanos, diz Anistia Internacional

13 de maio, 2016

(Opera Mundi, 13/05/2016) ONG também denuncia extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, feita pelo presidente em exercício, Michel Temer

A ONG Anistia Internacional declarou nesta sexta-feira (13/05) que o gabinete do presidente em exercício do Brasil, Michel Temer, que não conta com nenhuma mulher ou negro, é um “indício dos riscos de fragilização do marco institucional responsável pela garantia dos direitos humanos” no Brasil.

“A falta de diversidade na composição do ministério, que não tem nenhuma integrante mulher ou afrodescendente, e a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, anunciada pelo governo do Vice-Presidente, são mais um indício dos riscos de fragilização do marco institucional responsável pela garantia dos direitos humanos”, declarou a ONG em nota.

Intitulada “Crise política coloca em risco agenda de direitos humanos”, a nota pede que as autoridades brasileiras reafirmem “seu compromisso com os direitos humanos consagrados na Constituição de 1988” e cumpram “plenamente com suas obrigações internacionais adquiridas em virtude dos tratados de direitos humanos dos quais o Brasil faz parte”.

A falta de representatividade na equipe nomeada por Temer foi criticada também pela ONU Mulheres. “Não ter mulheres significa perder, pois metade da população não está representada nesse governo”, declarou Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil. O jornal norte-americano The New York Times destacou a ausência de mulheres e negros na equipe.

Leia abaixo a íntegra do comunicado:

Diante dos fatos de domínio público ocorridos no Brasil onde se instalou um processo de impeachment que levou ao afastamento temporário da Presidente Dilma Rousseff pelo Senado e posse do Vice-Presidente Michel Temer, a Anistia Internacional urge às autoridades brasileiras a reafirmarem seu compromisso com os direitos humanos consagrados na Constituição de 1988 e a cumprirem plenamente com suas obrigações internacionais adquiridas em virtude dos tratados de direitos humanos dos quais o Brasil faz parte.

A Anistia Internacional já vinha expressando sua preocupação com os riscos de graves retrocessos na agenda de direitos humanos presentes particularmente na agenda legislativa, em especial aqueles que afetam mais diretamente os grupos historicamente marginalizados, incluindo as mulheres, afrodescendentes, povos indígenas e comunidade tradicionais. A Anistia Internacional alertou sobre os riscos para os direitos humanos contidos nas propostas de revogação do Estatuto do Desarmamento, o Estatuto da Família, a proposta de novo Código de Mineração, a PEC 215 e do desmonte do licenciamento ambiental. Alertou sobre os riscos da lei Anti-Terrorismo, aprovada em março de 2016, por conter linguagem sumamente vaga que pode ser aplicada para a criminalização dos movimentos sociais e protestos pacíficos.

A falta de diversidade na composição do ministério, que não tem nenhuma integrante mulher ou afrodescendente, e a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, anunciada pelo governo do Vice Presidente, são mais um indício dos riscos de fragilização do marco institucional responsável pela garantia dos direitos humanos.

Diante destes riscos, a Anistia Internacional vem reafirmar a sua disposição e compromisso de continuar defendendo a promoção e a garantia dos direitos humanos consagrados internacionalmente e na Constituição Brasileira.

Acesse no site de origem: Sem mulheres e negros, governo Temer indica fragilização de direitos humanos, diz Anistia Internacional (Opera Mundi, 13/05/2016)

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