MP denuncia professor que fez ofensas racistas à cantora Ludmilla

30 de maio, 2016

(O Globo, 30/05/2016) Promotor pediu à Justiça medidas de proteção à artista, para que o acusado não possa se aproximar dela

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou, nesta segunda-feira, o professor de capoeira Hélder dos Santos Santana, o PQD, por cometer injúrias racistas contra a cantora Ludmilla. O promotor de Justiça Márcio Nobre, que subscreve a denúncia, solicitou à Justiça também medidas de proteção à artista, para que o acusado não possa se aproximar dela e nem frequentar espetáculos em que ela se apresente.

Helder Santos, de 31 anos, confessou o crime (Foto: Rafael Moraes / Agência O Globo)

“O denunciado ofendeu a dignidade da vítima, demonstrando desapreço e desrespeito, sendo certo que não foi esta a primeira vez que assim agiu”, ressaltou o promotor de Justiça Márcio Nobre, que subscreve a denúncia.

As ofensas foram feitas por meio de postagens em redes sociais no dia 22 de maio. Ao visualizar uma fotografia da vítima, o denunciado escreveu: “Odeio essa criola nojenta (sic)”. E, ao ser criticado por outras pessoas, continuou a postar injúrias.

Hélder, que já responde na Justiça por crime de tentativa de homicídio. Ele pode ser condenado a até três anos de prisão e multa.

‘ESTOU MUITO TRISTE COM O QUE ACONTECEU’

A cantora Ludmilla, conhecida pelo hit “É hoje”, denunciou nesta segunda-feira ter sido vítima de ataques racistas em sua conta no Instagram. A funkeira compartilhou em redes sociais os comentários ofensivos feitos por um usuário, em que ela é chamada de “macaca” e “crioula nojenta”. Segundo ela, não foi a primeira vez que sofreu esse tipo de agressão. Por nota, a cantora disse que estava muito triste e tomaria as providências legais para denunciar o crime e tentar identificar o agressor.

“Meu escritório irá tomar as medidas necessárias para que esse crime não fique impune e não se repita com outras pessoas. O racismo envolve preconceito e discriminação. Temos que dar um basta a qualquer tipo de preconceito e não podemos permitir essa falta de respeito e amor ao próximo”, escreveu Ludmilla, que registrou a denúncia na Delegacia de Repressão Contra Crimes de Informática (DRCI).

Cantora Ludmilla durante apresentação. Ela foi vítima de racismo na internet (Foto: Pedro Curi/Rede Globo / Divulgação)

PEDIDO DE AJUDA A INTERNAUTAS

Em sua conta na rede social, a cantora escreveu:“alguma autoridade pode me ajudar a identificar esse homem? Não é a primeira vez que ele faz isso. Até já bloqueei, mas ele continua falando essas coisas em outros instas por aí. Que ódio, só quero Justiça mais nada. Nessa, eu vou até o fim”.

Com 3,5 milhões de seguidores, após as postagens a cantora recebeu apoio de milhares de fãs, que denunciaram o perfil do suposto racista. O usuário acabou apagando todos os seus posts, e escreveu uma mensagem explicando que tudo se tratava de um “mal entendido”.

Essa não é a primeira vez que uma artista sofre com preconceito racial nas redes sociais. Em março, uma operação da Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e prendeu quatro suspeitos de encabeçar o grupo que praticou, no ano passado, ataques racistas contra as atrizes Taís Araújo, Sheron Menezzes e Cris Vianna e a jornalista Maria Júlia Coutinho.

TAÍS ARAÚJO PEDIU INVESTIGAÇÃO

Uma das primeiras a denunciar foi a atriz Taís Araújo. Na ocasião, ela fez questão de deixar os comentários na página para chamar atenção para o crime. “Eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito”, escreveu a atriz que também denunciou o fato à DRCI.

A jornalista da TV Globo Maria Júlia Coutinho foi vítima do mesmo crime em julho; a atriz Cris Vianna sofreu ataques racistas em novembro de 2015; e Sheron Menezzes recebeu ofensas on-line em dezembro de 2015.

Acesse o PDF: MP denuncia professor que fez ofensas racistas à cantora Ludmilla (O Globo, 30/05/2016)

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