Cerca de 50 mil mulheres morrem por aborto clandestino ao ano

19 de outubro, 2016

Grupos lutam para que ONU reconheça dia internacional dedicado ao aborto seguro

(Marie Claire, 19/10/2016 – acesse no site de origem)

O aborto clandestino tem matado anualmente quase 50 mil mulheres no mundo, segundo o jornal italiano La Repubblica. A situação é mais alarmante em países mais pobres onde o método ilegal para interromper uma gravidez indesejada é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos.

Tentando mudar esse triste cenário mais de 1.800 associações de 115 países escreveram no último mês uma carta de apelo para Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, pedindo que 28 de setembro fosse declarado um Dia Internacional do Aborto Seguro. Em paralelo ao pedido, grupos se manifestaram contra o pedido.

Leia mais: Vamos falar sobre o que ninguém quer falar, por Maria Bitarello (Outras Palavras, 18/10/2016)

Engana-se quem pensa que os contrários à data pela luta a favor da legalização do aborto faziam parte de países mais pobres. Listas de petições para que a ONU não reconhecesse o dia foram feitas inclusive por países desenvolvidos da Europa. Até a ministra da saúde da Itália Beatrice Lorenzin aderiu a campanha One of Us (Um de Nós), em defesa dos direitos dos fetos e embriões, que em pouco tempo recolheu 1 milhão e 800 mil assinaturas.

Na Itália, onde desde 1978 o aborto é legalizado, muitas mulheres encontram ainda hoje dificuldades para poder fazer o procedimento por conta dos 91% ginecologistas, obstetras, anestesistas e equipe de saúde que se negam a fazer a interrupção da gravidez mesmo ela sendo prevista em lei.

Considerado ilegal na Polônia com exceção em casos de risco de vida, estupro e incesto, o aborto tem sido um tema muito debatido no país, onde um projeto de lei tentou proibir a interrupção da gravidez também em casos especiais. Devido aos protestos, o governo polonês recuou e decidiu não mudar a lei por enquanto. “Em matéria de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a Europa é um exemplo a não ser seguido”, disse Silvana Agatone, da Laiga, uma associação a favor do aborto.

No Brasil, a opinião pública ainda é majoritariamente contrária à descriminalização do aborto, segundo uma pesquisa realizada recentemente pela agência Hello Research. Dos mil entrevistados, com mais de 16 anos, em 70 cidades do país, 72% de posicionaram contra a medida em qualquer circunstância, e apenas 15% se colocaram a favor.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas