Ele chamou Ludmilla de ‘pobre e macaca’ e ela respondeu com aula de combate ao racismo

18 de janeiro, 2017

“É uma coisa que não dá para entender. Era pobre e macaca. Mas pobre pobre mesmo”

A frase foi dita pelo apresentador Marcão do Povo, da versão brasiliense do programa Balanço Geral da RecordTV ao se referir à cantora Ludmilla. Em seguida, ele emendou que “também era pobre e macaco, falava isso para os meus amigos. Hoje eu digo que sou rico de saúde, graças a Deus”.

(Brasil Post, 18/01/2017 – Acesse o site de origem)

Na noite de ontem, terça-feira (17), Ludmilla publicou o trecho do programa em que o apresentador a ofende em seu Instagram. Junto com as imagens, ela escreveu um texto em que lamenta as afirmações dele e aproveitou para fazer dar uma aula sobre a importância de combater a discriminação e o racismo.

MARCAO E LUDMILLA
montagem/reprodução/instagram

Ela escreveu:

“Infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime e alguns, ainda usam o espaço na mídia para noticiar mentiras ao meu respeito, ofender, menosprezar e propagar todo o seu ódio. Não deixaremos impune tais atos, trata se de um desrespeito absurdo, vergonhoso.”

E completa:

“Fica evidente que esse cidadão não possui nenhum pudor ou constrangimento em ofender alguém em rede nacional. Como já foi dito por Paulo Autran, “todo preconceito é feito da ignorância”, visto que os racistas não possuem um conhecimento de moralidade, tratando sua própria cor de pele como superior e única. Isso tem que ser combatido e farei a minha parte, quantas vezes for necessário.”

A afirmação do apresentador foi feita durante o quadro “A Hora da Venenosa”, no momento em que apresentadora Sabrinna Albert contava como a cantora faz para evitar fotos com os fãs. Segundo Sabrinna, Ludmilla combina com os garçons para dizer que ela está resfriada e por isso os fãs não podem se aproximar dela.

A reação de Marcão ao ouvir o comentário foi dizer que “isso é uma coisa que não dá para entender”, que a cantora “era pobre e macaca”.

À redação do NaTelinha, por meio da assessoria de imprensa, o apresentador afirmou que a afirmação foi divulgada fora de contexto.

“Como é público e notório, eu sou de uma cidade do interior do Tocantins, aonde cresci e desenvolvi diversos costumes, dentre os quais alguns vícios de linguagem. A expressão citada pela reportagem é uma delas: em nenhum momento quis ofender a cantora por sua cor. O termo ‘macaco’ é utilizado no Centro-Oeste sem teor pejorativo. Por exemplo: é bastante comum ver pessoas dizendo que ‘fulano é macaco velho’, pois já tem certa vivência em determinada coisa. É a mesma situação presente no vídeo, com a simples mudança do adjetivo que acompanha o termo. A acusação de racismo não procede. Minha carreira é marcada por respeito a todos, independente de cor, raça, credo ou qualquer outra coisa.”

Racismo escancarado

Segundo o Correio Braziliense, Ludmilla vai entrar com pedido de prisão do apresentador na Justiça. O empresário da cantora, Alexandre Baptestini, disse que a mãe dela ligou para ele chorando muito. “Tem que acabar com isso no Brasil”.

A cantora já foi vítima de racismo outras vezes. Em um dos casos, a apresentadora Val Machiori disse que o cabelo de Ludmilla parecia “bombril”. Em outro momento, Ludmilla foi chamada de “crioula” e “macaca” por um de seus seguidores.

O crime de injúria racial está previsto no artigo 140, parágrafo 3 do Código Penal e consiste em “ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem”. A acusação por injúria permite fiança e tem pena de no máximo oito anos, embora não costume passar dos três anos.

Já o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, não prescreve e não há direito à fiança. Para ser enquadrado neste crime a pessoa tem de menosprezar a raça de alguém, seja por impedindo o acesso a determinado local ou negando emprego baseado na raça da pessoa, por exemplo. A pena incluem multa e prisão, que varia de caso a caso.

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