‘Protagonismo não é cedido, é conquistado’, diz Taís Araújo em debate sobre mulheres negras

01 de abril, 2017

Atriz esteve no ‘Elas por Elas’ ao lado da youtuber Nathalia Santos, da cantora Iza, da ex-consulesa da França Alexandra Loras e da ministra Luislinda Dias de Valois

A atriz Taís Araújo, a cantora Iza, a youtuber Nathalia Santos, a ex-consulesa da França Alexandra Loras e a ministra Luislinda Dias de Valois participaram de uma das palestras mais aguardadas do “Elas por Elas”. Em uma painel mediado pela colunista de O GLOBO Flávia Oliveira, elas discutiram os diversos desafios que as mulheres negras enfrentam na sociedade brasileira.

(O Globo, 01/4/2017 – acesse no site de origem)

Apesar de citar avanços no mundo do entretenimento, a atriz Taís Araújo lembrou que a luta pela equidade de gênero e pelo fim do preconceito racial depende de um constante ativismo e posicionamento.

Leia mais: Racismo e sexismo são abordados no “Elas por Elas” (Seppir, 03/04/2017)

— O protagonismo não é cedido, ele é conquistado. Ninguém quer dividir o protagonismo, os homens não querem. E nós mulheres negras temos mais umas barreiras a frente — contou a atriz, que disse se recusar a representar todas as mulheres negras do país.— Enquanto só eu estiver fazendo as capas das revistas, é uma historia única. E isso não leva a lugar algum. A gente já viu que todo mundo enriquece com a diversidade: os conteúdos são mais ricos, a gente fica mais criativo.

Alexandra Loras fez questão de lembrar das barreiras que as negras encontram no mercado de trabalho.

— Sofremos com a síndrome do impostor. Um homem branco com 30% da competência para o cargo chega se achando incrível. Uma mulher negra com 95% da competência chega achando que não é capaz — observou a palestrante, que disse ter passado por isso quando estudou na SciencePo, uma das instituições de ensino mais prestigiadas do mundo.

A youtuber Nathalia Santos, que escreve sobre os desafios de ser negra e cega, lembrou que a internet pode ser uma ferramenta importante para a transformação.

— Eu acho muito importante que a gente consuma os nossos pares. Temos mecanismos para buscar nossa história, conhecer pessoas como a gente, para que a gente consiga falar com propriedade. A gente precisa se sentir representado e saber a quem representar.

No mesmo tom, a cantora Iza lembrou como a internet foi importante para a sua própria conscientização:

— Sempre fui muito insegura em relação ao meu talento. Só decidi ser cantora aos 24 anos porque me sentia sozinha. Não me via nos brinquedos que comprava, nas novelas que assistia. Hoje a gente tem que se abraçar. Foi pela internet que eu resolvi parar de alisar meu cabelo, porque vi outras meninas passando pelo mesmo processo. Foi por ali que eu vi que deveria cantar mesmo que não tivesse palco para mim – confessou.

por Luiza Barros

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