Absenteísmo e violência doméstica, por Rosana Leite Antunes de Barros

11 de setembro, 2018

A violência doméstica e familiar contra as mulheres gera danos imensuráveis. Segundo estudo apresentado no dia 05 do corrente mês e ano, pelo economista José Raimundo Carvalho, professor da Universidade Federal do Ceará, toda a sociedade está fadada ao sofrimento junto a elas.

(Mídia News, 10/09/2018 – acesse no site de origem)

O absenteísmo das mulheres, ou seja, a falta ao trabalho por conta da violência doméstica e familiar é constante. Pelo analisado, 12,5% das mulheres empregadas nas capitais nordestinas sofreram algum tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses. Dessas vítimas, 25% afirmaram ter perdido ao menos um dia de trabalho em razão das agressões. Narrou o pesquisador que esse tipo de agressão é “como um choque negativo no capital humano da mulher”.

Em 2016, dados divulgados pelo Banco Mundial, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, apontou que em todo mundo a violência contra a mulher é causa para 20% das ausências femininas no ambiente de trabalho.

É de suma importância o trabalho dentro de qualquer espaço, seja particular ou público, quanto aos males causados pela violência doméstica e familiar, prevenindo danos de maior monta
No trabalho, convive-se com inúmeras vítimas sem o conhecimento sobre a realidade do que vivencia no lar. Os sinais ficam evidentes, porém, às vezes, nada se pode fazer.

Mulheres que passam a usar roupas de gola alta e mangas compridas sem costume, podem estar mascarando lesões corporais. Empregadas que mudam a forma de se portar repentinamente, ficando tristes ou depressivas, podem, também, estar sendo vítimas. Elas escondem por vergonha, ou para não se tornar um fardo ou descrédito social.

É de suma importância o trabalho dentro de qualquer espaço, seja particular ou público, quanto aos males causados pela violência doméstica e familiar, prevenindo danos de maior monta. A desconstrução de uma vida de submissão e medo passa a ser resgate feminino da dignidade.

Vive-se, na atualidade, um viés diferenciado. Com a independência, mulheres incidem ser vítimas, inclusive, de feminicídio, pelo inconformismo do homem com essa nova face feminina.

Essa violência, como sempre dito, sai do lar conjugal, atingindo a sociedade, as empresas e o Poder Público de maneira gritante. Atinge o PIB e acrescenta ao Poder Público gastos inesperado. É só pensar. A vítima ao acionar uma viatura da polícia, está fazendo uso do combustível e efetivo. Se houve lesão corporal, ao se dirigir a um hospital, ou acionar o SAMU, trará gastos de material e pessoal. Se necessitar de internação, o consumo será maior. Se as lesões foram psicológicas, a equipe multidisciplinar do Poder Público também será acionada. Sem contar, os gastos pelo absenteísmo.

Rose Marie Muraro, no livro “Identidade Feminina”, em poucas palavras descreve o sofrimento feminino: “Sua máscara projeta uma imagem correta, adequada e eficiente. As emoções cuidadosamente controladas, os desejos devidamente selecionados, os ideias eficientemente adequados, cumpre suas funções. O corpo ferido, a sexualidade reprimida, o coração perdido, distribui amor contido. Convive com as vicissitudes, sem saber como incorporá-las à sua história. O sucesso e o fracasso confundem-se nela, numa sensação difusa de inadequação. Ataca para mostrar-se viva, defende-se para não morrer. O estupor toma conta de sua alma.”

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.

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