Uma em cada quatro mulheres não é livre para dizer não ao sexo, revela pesquisa

05 de abril, 2020

Estudo da ONU mostra que metade das mulheres do mundo não pode tomar suas próprias decisões sobre consentimento sexual e cuidados com a saúde

(Celina/O Globo, 05/04/2020 – acesse no site de origem)

Apenas metade das mulheres do mundo pode tomar suas próprias decisões sobre consentimento sexual e assistência à saúde, segundo um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na última semana. A entidade alerta que a limitação desses direitos impedem a igualdade de gênero.

Atingir a igualdade de gênero até 2030 era um dos objetivos globais adotados pelas Nações Unidas em 2015 para combater males sociais como pobreza e conflito.

“A capacidade das mulheres de tomar decisões sobre saúde reprodutiva, uso de contraceptivos e relações sexuais é essencial para a igualdade de gênero e o acesso universal à saúde e direitos sexuais e reprodutivos”, disse o UNFPA no relatório.

O estudo analisou o acesso das mulheres aos cuidados de saúde e se elas poderiam tomar suas próprias decisões sobre contracepção, saúde e dizer não ao sexo, afirmou Emilie Filmer-Wilson, consultora de direitos humanos do UNFPA. Apenas 55% das mulheres foram capazes de dizer sim às três perguntas, de acordo com dados da pesquisa coletados em 57 países.

— Se pode tomar essas decisões nas três áreas, essa mulher é vista como empoderada — disse Filmer-Wilson à Thomson Reuters Foundation.

Em um em cada dez países, as mulheres devem ser casadas para obter assistência médica à maternidade, e mais de 25% dos países têm restrições de idade para acesso à contracepção e exigem que as mulheres casadas obtenham o consentimento do marido para um aborto, segundo a pesquisa.

Os fatores que afetam a capacidade das mulheres de tomar sua própria decisão incluem seus níveis de escolaridade, a idade com que se casaram e a opinião de seus maridos, disse Filmer-Wilson.

— Para o público em geral, acho que é um alerta.Temos mais trabalho a fazer em termos de empoderamento das mulheres — afirmou.

A pesquisa também descobriu que três quartos dos países estudados possuíam leis para garantir os direitos das mulheres, mas essas leis podem existir em países com costumes e práticas culturais ou religiosas que restringem seus direitos.

Thomson Reuters Foundation

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