Estudante de Curitiba desenvolve projeto de absorvente sustentável para moradoras de rua e ganha prêmio internacional de design

09 de outubro, 2019

‘Uma das coisas que mais me motivou foi dar visibilidade ao tema do projeto’, afirmou Rafaella de Bona Gonçalves. Jovem vai apresentar o projeto para o prefeito.

(G1, 09/10/2019 – acesse no site de origem)

Com o projeto de um absorvente interno sustentável para mulheres em situação de rua, a universitária curitibana Rafaella de Bona Gonçalves conquistou uma das mais importantes premiações internacionais de design. A ideia é produzir o absorvente a partir de fibra de banana.

“É o melhor prêmio de design que existe.   Uma das coisas que mais me motivou foi dar visibilidade ao tema do projeto. Só as pessoas pararem para pensar sobre o assunto já é muito bom. É gratificante”, afirmou.

O projeto de Rafaella foi o único brasileiro que recebeu o prêmio alemão “iF Design Talent Award”, na edição deste ano, de acordo com o Centro Brasil Design, que é o escritório de representação no Brasil.

Rafaella tem 22 anos é aluna do 3º ano de design de produto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em paralelo, decidiu fazer um curso de especialização em design voltado para soluções de impacto para o futuro.

O “Maria – absorvente íntimo” foi o trabalho de conclusão do curso, apresentado em julho. O objetivo era pensar em projetos para acabar com a pobreza.

“Queria trabalhar localmente. Comecei a procurar esse problema em Curitiba. Cheguei aos moradores de rua e, então, cheguei às mulheres em situação de rua. Tem problemas que só cabem a elas”, contou Rafaella.

‘Maria – absorvente íntimo’

O projeto, desenvolvido em quatro meses pela estudante, é um absorvente interno que se adapta às condições das moradoras de rua. Rafaella o define como “prático, higiênico e universal”.

Ele será produzido com fibra de banana, que é um material biodegradável. O propósito de Rafaella é que o absorvente seja distribuído pelo governo.

Inclusive, a estudante tem reunião marcada com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), para apresentar o projeto ainda em outubro.

Rafaella fez uma pesquisa e encontrou uma empresa que faz absorvente com fibra de banana na Índia. “Lá, a pobreza menstrual é um problema grande, por questões financeiras, culturais e religiosas”, disse.

O absorvente projetado por Rafaella é um rolo. Para usá-lo, a mulher retira um pedaço do rolo de acordo com o fluxo e a necessidade.

Então, desdobra-se a aba que, após o uso, vai auxiliar a retirar o absorvente. Depois de desdobrar a aba, o pedaço do rolo é enrolado e fica pronto para ser usado.

“Com um rolo, pode fazer absorvente para três ciclos de sete dias”, afirmou.

Por enquanto, o “Maria – absorvente íntimo” é um projeto. Rafaella ainda não tem previsão de quando o protótipo ficará pronto, nem uma expectativa de quanto seria o custo de um rolo. “Ainda não tenho ideia, dependeria da escala que o produto atingisse”, explicou.

Rafaella já fez testes do formato do absorvente, mas usando outro tipo de material, um tecido, para verificar a eficácia do produto. Ela acredita no êxito do projeto porque, além do teste com o formato ter sido positivo, a fibra de banana já é usada para a funcionalidade proposta pela jovem.

O prêmio

O prêmio alemão “iF Design Talent Award” teve 192 projetos inscritos em 2019, segundo o Centro Brasil Design.

Ao todo, 91 projetos foram premiados. Dos 13 projetos brasileiros inscritos, o da Rafella foi o único premiado.

A universitária concorreu na categoria estudante, que tinha como tema um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Todos os anos, o iF Design Talent Award tem temas específicos.

O tema escolhido por Rafaella é o primeiro da lista dos 17 ODS: “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”.

“Na categoria estudante, foram cerca de quatro mil projetos inscritos. Cinquenta e dois foram selecionados, e eu era a única brasileira” contou.

Rafaella ficou sabendo no dia 20 de setembro que levou o prêmio: “Não caiu a ficha, parecia surreal”.

A população de rua

Conforme a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBFGE), que é de 2017, Curitiba tem 1.908.359 habitantes.

Dentro desse universo de quase dois milhões, 2.364 pessoas vivem em situação de rua, conforme a Fundação de Ação Social (FAS). Deste total, 2.154 são homens e 210 são mulheres.

A FAS compra, mensalmente, 1.856 absorventes para as unidades que atendem mulheres em situação de vulnerabilidade. Para as unidades que fazem atendimento a mulheres de rua, são entregues 736 absorventes por mês.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas