Ministra recém-empossada expressa a virada que vislumbra em sua gestão. Anuncia revogaço de medidas anticientíficas, atenção à saúde negra, indígena e das mulheres, volta do Mais Médicos – e a defesa prioritária do fortalecimento do SUS
O Brasil segue sobressaltado pelos ataques fascistas aos três poderes e todas as consequências políticas ainda em desenvolvimento, mas a máquina do governo Lula já começa a operar. Na Saúde, onde alguns temas estão entre os mais urgentes, a ministra Nísia Trindade apresentou em entrevista coletiva, em 10/1, a lista de prioridades para os primeiros 100 dias de governo.
“Temos um comitê reunido para dar início a uma campanha de vacinação em fevereiro. Além da vacinação teremos a estratégia de comunicação e organização dos serviços para atender o objetivo. Não falamos só de covid, que estará no calendário regular de vacinas, mas da tarefa de recuperar as taxas de vacinação, inclusive da infância. Retomaremos o Farmácia Popular e consideramos ampliar a lista de medicamentos do programa. Também organizamos ações em saúde negra e indígena, tendo em conta que estamos numa situação grave na terra Yanomami. São essas as ações do nosso período inicial”, enumerou.
Se antes o clima entre ministros e imprensa era bélico, na coletiva ficaram evidentes a cordialidade e a leveza do ambiente. Nísia agradecia as perguntas, perguntava o nome do(a) jornalista e respondia objetivamente, sem alarde ou contra-ataques. Dessa forma, os temas de interesse da pasta se mantiveram no centro das atenções.
Ainda nesse sentido, a ministra mostrou-se aberta a dialogar com o poder legislativo e reivindicou sua experiência como presidente da Fiocruz em meio à pandemia para conseguir mediar as diferentes demandas que chegarão à sua mesa.
“Meu histórico de relação com o legislativo como presidente da Fiocruz é muito positivo. Já tenho recebido parlamentares da base de governo e da oposição e creio que isso será rotina. É importante ter uma agenda bem construída. O congresso aprovou questões importantes como a PEC da transição, que chamo de PEC da reconstrução. Menciono ainda a lei voltada à inclusão da saúde bucal no SUS, a partir de iniciativa do senador Humberto Costa e do deputado Jorge Solla, algo bem importante que não estava definido legalmente. Será em questões como essa que teremos de avançar e a partir de fevereiro estaremos mais estruturados, com assessoria parlamentar, com foco nas ações prioritárias e no fortalecimento do SUS”, explicou.