#2018M: Católicas vai às ruas! – São Paulo/SP, 08/03/2018

07 de março, 2018

Somamos nossas vozes ao movimento de mulheres, que denuncia como nosso país está à mercê de interesses de homens sem escrúpulos que roubam direitos sociais e trabalhistas conquistados pelas lutas populares nas últimas décadas. Nossa democracia agora mostra sua enorme fragilidade.

(Católicas pelo Direito de Decidir, 07/03/2018 – acesse no site de origem)

Mas nós, feministas católicas, temos também uma palavra dirigida às lideranças religiosas desse país. Quando será que as hierarquias religiosas vão ouvir as mulheres? São as mulheres que estão cotidianamente presentes nos espaços sociais e nas instituições, cuidando da saúdeeducação e bem estar de seus dependentes. Também somos nós, mulheres, que estamos presentes na vida das igrejas. Entretanto, estamos ausentes nos espaços de poder e de saber.

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Além disso, temos uma enorme tarefa: construir relações igualitárias de classe, raça, gênero e também de respeito à diversidade religiosa. Quando uma mãe de Santo será respeitada de fato por bispos católicos e pastores evangélicos, seus irmãos de sacerdócio? É tarefa de um Estado Laico garantir o exercício religioso de todas as pessoas, com a mesma dignidade.

Falando em política, em um cenário de avanço do golpe jurídico-midiático, apoiado por uma máfia de políticos neoliberais, as reivindicações trazidas pela luta das mulheres são essenciais no processo de compreensão e denúncia contra abusos deste sistema heteropatriarcal e racista. No campo e na cidade, mulheres trazem o grito pelo direito à moradia, à saúde e à educação, contra a precarização das relações de trabalho e pela garantia de um sistema previdenciário justo que atenda a todos e todas. Negras, ribeirinhas, quilombolas e indígenas têm seu território e corpo ocupados pela política do lucro neoliberal e pelo racismo e machismo institucional de um estado de exceção.

É pela voz das mulheres que ouvimos os detalhes das violências cotidianas sofridas pelas mãos de um estado racista, que abafa a voz das comunidades mais pobres e fortalece políticas fascistas que se apoiam na busca por aprovação a qualquer custo. Denunciamos também a violência transfóbica e lesbofóbica da polícia e das demais instituições. Não seremos tubo de ensaio para testes de força militar!

É nesse dia que reiteramos nossa denúncia contra os retrocessos no campo dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Os avanços do conservadorismo religioso no Congresso brasileiro, em especial, por meio de projetos de emenda constitucional, como a PEC 181/2015, não nos deixam descansar nem por um minuto.

No âmbito municipal, o desmonte dos serviços de aborto legal em São Paulo, o fechamento das secretarias voltadas às mulheres e à igualdade social, a falta de vagas nas creches e a superlotação e precarização dos serviços de saúde são parte de um plano neoliberal de opressão e sucateamento que visa ao lucro privado, que atinge fundamentalmente as mulheres.

Neste 8 de março, as mulheres não precisam de flores, mas sim de diálogo, interlocução, olhos e ouvidos bem abertos para perceber como fazemos a diferença nas instituições, na política e nas igrejas. Que se calem os fundamentalistas religiosos e não venham impor a nós sua moral dúbia e indecente! Chega de retrocesso de nossos direitos sociais, trabalhistas, sexuais e reprodutivos!

Na próxima quinta-feira, 8 de março, tomaremos as ruas do Brasil e do mundo!
Pela democracia! Contra os fundamentalismos!
Pela vida das mulheres! Contra o estado de exceção!
Pelo estado laico! Contra a Reforma da Previdência!

Participe dos atos em sua cidade! Confira:

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