12/08/2012 – Campanhas e pressão social em favor do aleitamento têm levado mães buscarem consultoras

12 de agosto, 2012

(Folha de S.Paulo) Agosto é o mês da campanha mundial da amamentação, mas o que os cartazes com fotos fofas de mães e bebês não mostram é que amamentar nem sempre é fácil.
Para cumprir essa missão, as novas mães estão recorrendo mais às consultoras e enfermeiras de aleitamento que atendem em casa.
Com experiência na bagagem, elas respondem a dúvidas sobre pega correta, bico do seio rachado e mama empedrada. E tentam diminuir as angústias e o desconforto que fazem muitas mulheres partirem para a mamadeira de uma vez.
“Há um leque de informações em livros e na internet, e as mulheres ficam perdidas”, diz a enfermeira Martha Goldberg, que trabalha com amamentação há 23 anos e atende até 30 mulheres por mês em São Paulo.
Segundo a obstetriz Ana Garbulho, também de São Paulo, até há pouco tempo as mulheres não conheciam o serviço domiciliar. “Hoje procuram no Google e indicam uma para a outra.”
Goldberg afirma que nem sempre o apoio oferecido nas maternidades é suficiente, e as mães sentem necessidade de orientação extra.
Foi o caso da advogada Gabriela Marques, 35, quando teve sua primeira filha, Clarice, hoje com cinco meses. Ela conta que, na maternidade, as enfermeiras não ficaram muito tempo com ela para acompanhar as mamadas e tirar as dúvidas.
“Achei que seria natural, mas não foi fácil. Sempre achei lindo, queria muito amamentar. Na prática, tive muita rachadura, a Clarice não pegava o peito direito. E você fica assustada em ver que o bebê não ganha peso.”
Gabriela compartilhou as angústias com as amigas e viu que não era a única a passar por esse perrengue. Elas indicaram consultoras que já tinham usado e aprovado.
TEORIA E PRÁTICA
As profissionais trabalham com hora marcada e acompanham toda a mamada do bebê. Dizem se a posição e a pega estão corretas, ensinam como cuidar do seio em caso de lesões e, principalmente, dão atenção às mães.
“Tem muita campanha pró-aleitamento, mas falta informação sobre as dificuldades da realidade. No desespero de estar em casa sem saber o que fazer, essas mulheres têm o papel de nos tranquilizar. São anjos da guarda”, diz a advogada Vanessa Rosa, 37, que usou o serviço após o nascimento de seus dois filhos.
“Tive pouco leite e precisei dar complemento. Foi um sofrimento, até porque tem uma coisa de polícia hoje. É importante ter alguém para dizer: ‘Calma, nem tudo é perfeito, faça o seu melhor’.”
A primeira visita custa de R$ 150 a R$ 350. Nos atendimentos seguintes, costuma-se cobrar cerca de metade do valor inicial.
“Não é barato, mas o investimento valeu muito a pena”, afirma Vanessa.
A consultora Ana Garbulho afirma que há uma procura crescente por esse tipo de atendimento.
“As pessoas estão mais informadas sobre os benefícios da amamentação, mas os pediatras nem sempre ajudam.
Receitam a fórmula por comodidade.” Segundo ela, é comum que as mulheres troquem de médico em busca de apoio ao aleitamento.
“É mais difícil ficar mais tempo na consulta com a mãe. Muitos logo prescrevem a fórmula, o que é péssimo”, diz Luciano Borges Santiago, presidente do departamento científico de aleitamento materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Segundo o pediatra Moises Chencinski, a falta de experiência e a família que fica dando palpites atrapalham a amamentação. “Por isso tem que ter paciência com essa mãe. Essa dedicação já seria suficiente para estimular o aleitamento.”

Leia em pdf: Mães buscam consultoras para superar dificuldade de amamentar (Folha de S.Paulo – 12/08/2012)

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