21/08/2013 – Proposta de teste de virgindade para meninas provoca indignação na Indonésia

21 de agosto, 2013

(Opera Mundi) Um plano da Agência de Educação da cidade de Prabumulih, no sul da ilha de Sumatra, gerou polêmica e indignação na Indonésia nesta quarta-feira (21/08), por propor que alunas do ensino médio passem por testes de virgindade obrigatórios todos os anos. Críticos afirmam que a prática é discriminatória contra mulheres e viola seus direitos humanos.

Segundo o diretor da agência, Muhamad Rasyid, que criou o plano, o teste seria “uma maneira precisa de proteger as crianças da prostituição e do sexo fora do casamento”. Ele disse que deve usar parte do orçamento da cidade para implementar a medida no começo do ano que vem, se os deputados aprovarem a ideia.

“Isso é para o próprio bem delas”, afirmou Rasyid. “Toda mulher tem direito à virgindade… Esperamos que os estudantes não cometam atos negativos”. O teste seria aplicado às alunas do ensino médio com idade entre 16 e 19 anos, até que se formem. Os meninos, por sua vez, não seriam investigados para descobrir se já fizeram sexo ou não.

Alguns políticos locais apoiaram a ideia, como Hasrul Azwar, do PKS (Partido da Justiça Islâmica Próspera), que disse ao jornal Jakarta Post que “virgindade é sagrada e, portanto, é uma desgraça para uma estudante perder a virgindade antes de se casar”.

Segundo o site local Kompas, a proposta seria uma resposta ao número crescente de casos de sexo antes do casamento, incluindo a prisão recente de seis estudantes por suposta prostituição. O plano de Rasyid é o terceiro do tipo na Indonésia, país majoritariamente muçulmano: programas similares quase foram implantados em Java Ocidental, em 2007, e mesmo em Sumatra, em 2010.

Outros parlamentares, ativistas e grupos de direitos humanos indonésios, por sua vez, questionaram a ideia e denunciaram o plano de Rasyid por potencialmente negar às mulheres o direito universal à educação. Além disso, o teste discriminaria as meninas por um ato que poderia nem ter sido consensual, como um estupro. “Há estudantes que podem ter perdido a virgindade devido a um acidente — não é culpa delas”, disse à mídia local um porta-voz da Câmara dos Deputados.

Arist Merdeka Sirait, da Comissão Nacional para a Proteção da Criança, afirmou que “perda de virgindade não acontece somente por atividades sexuais. Pode ser causada por esportes, problemas de saúde e muitos outros fatores”. O grupo acusou o plano de ser uma tentativa de aumentar a “popularidade” entre os conservadores islâmicos e o chamou de “excessivo”.

A Comissão Nacional contra a Violência Machista também condenou a medida e, por meio de seu porta-voz, ressaltou que “a moralidade de uma estudante não deve ser determinada por seus genitais”, acrescentando que o corpo dessas jovens não pertence aos políticos. “Um teste de virgindade é uma forma de violência sexual contra mulheres”, disse o porta-voz. “É degradante e discriminatório contra a mulher”.

O ministro da Educação da Indonésia, Mohammad Nuh, pronunciou-se contra a implementação do teste, dizendo que “se você quer proteger suas crianças de influência negativa, há outros caminhos. Isto não é sábio”. No entanto, o Ministério afirmou que só pode aconselhar contra o plano, mas que a última palavra dependerá da agência de Educação de Prabumulih, que tem autoridade para implantar esse tipo de políticas.

Mesmo assim, é improvável que a proposta seja aprovada, já que o vice-prefeito da cidade, Ardiansyah Fikri, afirmou que as autoridades locais não a apoiariam. Apesar disso, ele ressaltou que programas de educação moral e religiosa estão sendo planejados para desencorajar demonstrações públicas de afeto. “Jovens meninos e meninas não são tímidos acerca de demonstrações íntimas em público”, disse. “Sua moralidade já está fora de controle”, completou.

Acesse o PDF: Proposta de teste de virgindade para meninas provoca indignação na Indonésia (Opera Mundi, 21/082/2013)

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