24/06/2011 – Renda das domésticas cresce acima da média (Folha)

24 de junho, 2011

(Folha de S.Paulo) As empregadas domésticas tiveram ganhos salariais acima da média da população brasileira nos últimos anos, segundo pesquisa do DataPopular, realizada a pedido do jornal Folha de S.Paulo com base em dados do IBGE. Um dos motivos para essa valorização profissional foi a redução na oferta de mão de obra. O rendimento médio individual das domésticas cresceu 43,5% entre 2002 e 2011, já descontados os efeitos da inflação. No mesmo período, os ganhos dos brasileiros aumentaram 25%.

“Há cada vez menos trabalhadoras interessadas em fazer serviços domésticos, porque elas estão encontrando outras oportunidades”, diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

Outro motivo para esse crescimento real foi a valorização do salário mínimo nos últimos anos. “Como o salário de muitas é vinculado ao piso, o impacto na categoria é grande”, afirma o economista Claudio Salvadori Dedecca, da Unicamp, estudioso do mercado de trabalho.

Em relação à redução da oferta dessa mão de obra, o diretor do Data Popular destaca ainda que ela veio com o aumento na escolaridade. “Quase dobrou o número de trabalhadoras que chegaram ao ensino médio nos últimos nove anos. Com estudo, podem buscar outros campos para atuarem.” Hoje, 23,% têm ensino médio e têm 1,3% superior, frente 12,7% e 0,7% em 2002, revela o levantamento.

A presidente da Fenatrad (Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos), Creuza Maria Oliveira, concorda com essa avaliação.
“As mais jovens, que conseguiram estudar porque hoje há mais facilidades, estão indo para o mercado atrás de outras oportunidades. A maioria não quer trabalhar como doméstica”, afirma a dirigente.

Apesar disso, o segmento ainda emprega 6,02 milhões -sem considerar motoristas, jardineiros e limpadores de piscina. Com eles, o número sobe para cerca de 7 milhões. “O emprego doméstico não está em rota de extinção, como há algumas décadas se chegou a cogitar. Continua em expansão, mas em um ritmo menor e com aumento de custos”, afirma Dedecca.

Segundo a presidente da Fenatrad, está em curso um “envelhecimento” da categoria. “Com menos jovens dispostas a atuar nos serviços domésticos, ocorre essa tendência de que as profissionais atuando sejam as mais velhas.” A pesquisa mostra que a idade média passou de 35 anos, em 2002, para 39 anos, em 2011.

A ampliação dos direitos da categoria vem sendo discutida desde a última semana, quando a OIT (Organização Internacional do Trabalho) aprovou uma convenção que estende aos trabalhadores domésticos os direitos já garantidos a outras categorias. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que o governo vai elaborar uma proposta que será enviada para a avaliação da presidenta Dilma Rousseff até o fim do ano.

Veja esse notícia na íntegra: Renda das domésticas cresce acima da média (Folha de S.Paulo – 24/06/2011)

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