24/06/2012 – Com menos roupa e mais ironia, ativistas atraem atenção

24 de junho, 2012

(Fabio Brisolla, da Folha de S.Paulo-RJ) Para historiadora, novo ativismo ganhou humor

Uma nova versão de feminista ganha espaço no ativismo brasileiro. Em vez de gritos de ordem, elas defendem causas com os seios à mostra.

Ao longo da Rio+20, houve topless em passeata de mulheres e grupo de pelados em marcha pelo centro.

Duas semanas antes da conferência da ONU, mulheres em 18 capitais brasileiras organizaram manifestações simultâneas batizadas de Marcha das Vadias.

Denunciando exploração sexual, o movimento ficou conhecido por reunir militantes sem blusas ou sutiãs.

Professora titular do Departamento de História da Unicamp, Margareth Rago identifica mudança em curso.

“O estereótipo da feminista assexuada e impositiva está sendo desconstruído por mulheres bem-humoradas, que protestam com ironia e deboche”, avalia.

Margareth identifica duas mobilizações recentes que ajudaram a promover o novo tipo de ativismo.

Uma é a Slut Walk, manifestação criada no Canadá, em 2011, que ganhou versões pelo mundo, entre elas, a brasileira Marcha das Vadias.

A outra é a Femen, grupo formado em 2008 por mulheres da Ucrânia. Entre outras causas, protestam contra o turismo sexual impulsionado por eventos esportivos.

A brasileira Sara Winter, 19, desembarcou semana passada para acompanhar de perto as ucranianas. Ela é primeira representante da Femen no Brasil.

“O topless é uma estratégia de marketing e também uma forma de dizer que posso fazer o que quiser com o meu corpo. Por que mostrar o seio é considerado atentado ao pudor?”, diz Sara.

Para a psicanalista Regina Navarro Lins, a mulher tentou agir como o homem em busca de respeito no auge do feminismo da década de 70.

“Essa fronteira entre o masculino e o feminino, o forte e o fraco, está se dissolvendo. E, por isso, elas estão podendo ousar mais”, afirma.

Na Rio+20, o protesto com topless foi iniciado por nove integrantes do grupo Tambores de Safo, formado por lésbicas e bissexuais de Fortaleza, no Ceará. Ativistas e percussionistas, elas costumam batucar, com os seios à mostra, em suas manifestações.

“Na internet estão dizendo que uma mulher do grupo vai posar para a Playboy. É mentira. Representa a exploração estética do corpo feminino, que nós condenamos”, diz Alessandra Guerra, 28, uma das líderes do movimento.

Acesse em pdf: Com menos roupa e mais ironia, ativistas atraem atenção (Folha de S.Paulo – 24/06/2012)

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