(itodas) O corte no períneo da mulher pode ser uma violência obstétrica. Episiotomia não é recomendada por profissionais humanizados
A episiotomia é um corte cirúrgico feito na região do períneo feminino com a justificativa de facilitar o período denominado de expulsivo no trabalho de parto. A técnica, que começou a ser praticada em uma época em que o parto era tido como um momento de sofrimento para a mulher, divide opiniões, causa dúvidas e foi abolida pelos profissionais da medicina baseada em evidências.
A episiotomia tem benefícios?
“Feita com o pretexto de aumentar a passagem vaginal e evitar lacerações espontâneas, as pesquisas mais recentes demonstram que ela não só não previne, como é uma laceração. Em geral, as lacerações naturais do parto são menores do que o corte feito pela episio”, explica a doula Adéle Valarini, de Brasília.
Ainda segundo Adéle, seguindo o modelo obstétrico padrão, o procedimento hoje é feito em 95% das mulheres e é tido como rotina nos hospitais brasileiros, embora os mais recentes estudos baseado na medicina de evidências defendam que a prática é ausente de benefícios.
“A episiotomia é considerada pelos profissionais humanizados uma prática de mutilação genital. O corte muitas vezes é feito sem anestesia, sem o consentimento da mulher, demora a cicatrizar e pode deixar a região dessensibilizada ou hipersensibilizada”, afirma.
Laceração natural
A laceração natural pode acontecer durante os partos normais, mas isto não é uma regra e não existe padrão. “A laceração não acontece sempre no mesmo lugar e nem da mesma maneira. Em algumas mulheres acontece na parte interna da vagina, em outras no pequeno lábio e em outras nem acontece, já que varia muito da posição em que a mãe está parindo, da força que faz e da rapidez com que a criança sai”, esclarece a doula.
“Em partos humanizados a mulher é deixada a vontade exatamente para minimizar as chances de laceração natural. Nos partos padrões, a pressão para fazer força e as tentativas de empurrar o bebê podem aumentar as chances”, afirma Adéle.
Episiotomia x laceração natural e a cicatrização
A cicatrização é outro ponto que deve ser levado em consideração na episiotomia. O procedimento médico é fechado com ponto, já a laceração natural pode ou não ser suturada, dependendo do tamanho e da região.
Segundo a especialista, o corte feito com bisturi e tesoura geralmente pega uma região fina e lisa, enquanto a laceração natural acontece, geralmente, em área de dobrinhas. Esta diferença é determinante para a cicatrização, já que ao sentar, por exemplo, a pele fina repuxa com mais facilidade e os pontos proveniente de uma episiotomia podem romper e inflamar com muito mais facilidade.
Ainda praticada
Embora negada pelos profissionais humanizados e feita como procedimento de rotina dentro do sistema obstétrico padrão, outros especialistas afirmam que o corte deve ser feito após a análise de cada caso.
Acesse em pdf: Episiotomia não é recomendada por profissionais humanizados. Entenda os porquês (itodas – 03/03/2014)