26/06/2011 – Artigo critica bispo que usa caneta como exemplo para justificar estupro

26 de junho, 2011

(O Estado de S. Paulo) “Artilharia antiaborto do bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, fere a dignidade das mulheres, em especial das que precisam recorrer ao procedimento”, afirma Debora Diniz, professora da UnB e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Leia abaixo trechos do artigo: 

“Não há mulheres verdadeiramente vítimas de estupro, diz o bispo na entrevista. Em alguma medida, todas consentem com a violência sexual. Para ilustrar seu julgamento moral sobre as mulheres e suas falsas histórias de violência o bispo faz uso de uma alegoria que provavelmente resume o que ocorre em seu confessionário: “‘Então, sabe o que eu fazia?’ Nesse momento, o bispo pega a tampa da caneta da repórter e mostra como conversava com mulheres. ‘Eu falava: bota aqui’, pedindo, em seguida, para a repórter encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe.”

“Para o bispo, o orifício da tampa de uma caneta resume a verdadeira história das mulheres estupradas – uma mulher que não consente com o ato sexual “resiste ao encaixe do cilindro na tampa da caneta”. Ao serem confrontadas com a verdade da caneta, as mulheres desistiriam do aborto, pois o estupro seria uma mentira.”

“Na alegoria da caneta, o bispo assumiu o lugar das mulheres na cena da violência simulada com a repórter. A tampa da caneta seria a vagina resistindo ao pênis do estuprador. A vagina que mexe, segundo a imaginação do bispo, é a da mulher que resiste ao estupro, nem que isso lhe custe a vida. Esse deslocamento de posições não é inocente: representa a autoridade do bispo, que se crê controlando as vaginas das mulheres como se fossem tampas de canetas, diante das vítimas e de suas histórias de tortura.”

Leia o artigo na íntegra: A verdade da caneta, por Debora Diniz (O Estado de S. Paulo – 26/06/2011)

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