OMS estuda implantar protocolo de atendimento para grávidas criado no Brasil em outros países

24 de fevereiro, 2016

(O Globo, 24/02/2016) Margaret Chan afirmou que ‘combate ao Aedes deve estar na linha de frente’

A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, fez na manhã desta quarta-feira uma visita ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip). Ela disse que estuda implantar o protocolo de atendimento e acompanhamento de gestantes desenvolvido em Pernambuco, que é o mesmo usado pelo Ministério da Saúde, em outros países atingidos pelo vírus zika. Ela também destacou, durante discurso, que as evidências da associação entre o vírus e a má formação estão “mais fortes”, apesar de “ainda não estarem totalmente claras”.

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– O vírus zika é cheio de truques. Existe muita ciência que ainda estamos tentado estudar. Nós não temos todas as respostas. Nas últimas semanas, graças ao trabalho do Brasil, e ao trabalho de muitos outros países, as evidências [da relação da infecção do vírus com doenças neurológicas e de má formação] estão ficando mais fortes. Por isso eu venho aqui com colegas da OMS para agradecer a vocês, e pedir que continuem com o trabalho excelente – disse Chan.

A diretora da OMS voltou a afirmar que o combate ao mosquito Aedes aegypti deve estar na linha de frente, enquanto não há vacinas ou diagnósticos confiáveis.

— O mosquito é inteligente: vai achar jeitos de atacar as pessoas. Não tenho medo dele, mas temos que tomar precauções, pois não se trata de tarefa fácil — afirmou.

Pernambuco foi pioneiro na notificação obrigatória dos casos e na formatação de protocolos de atendimento. De caráter técnico, o documento é destinado a profissionais de área de saúde, e prioriza pontos como tamanho cefálico.De acordo com o protocolo, passam a enquadrar possibilidades de detecção de casos de microcefalia gestantes que apresentarem exantema (manchas vermelhas pelo corpo) e bebês dentro do critério intra-útero, pós-natal e também através de registro de declaração de nascido-vivo.

No caso das gestantes, são notificadas – independentemente da fase gestacional e imediatamente – todas aquelas que apresentarem manchas vermelhas pelo corpo em fase aguda, ou seja, com no máximo cinco dias de início. Serão coletadas amostras de sangue e garantida uma ultrassonografia entre a 32ª e a 35ª semana gestacional.

DIRETORA PARTICIPOU DE MINICONFERÊNCIA

Vestida com a camisa da campanha #Zika Zero, promovida pelo governo federal, a diretora da OMS participou de uma miniconferência ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Castro, e da diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, além de autoridades estaduais e municipais. O evento começou com atraso e houve uma breve reunião antes da apresentação. No encontro, eles conversaram sobre a assinatura do protocolo.

A equipe de profissionais do Imip foi pioneira na identificação de indícios entre a microcefalia e o vírus zika. Na reunião, Chan também conversou com as médicas que identificaram o surto de microcefalia em Recife e fez anotações sobre as características da doença.

Mais de uma vez durante o discurso, ela fez questão de frisar o trabalho desenvolvido no instituto, a competência dos profissionais da instituição e as ações do governo federal.

— Esse governo tem sido muito transparente em compartilhar informações com a OMS. Assim, a OMS também pode compartilhar todas as informações sobre zika com o resto do mundo, — afirmou Chan, acrescentando: — Foi Pernambuco, através de médicos dedicados e competentes, que alertou o governo federal sobre a associação entre o zika e a microcefalia, o que permitiu uma rápida resposta das autoridades.

Após a miniconferência, a diretora da OMS visitou o ambulatório do Imip destinado ao atendimento das crianças com a malformação congênita, além do centro de reabilitação físico e motor da instituição. Na passagem, ela conversou com algumas mães de bebês com microcefalia e demonstrou preocupação com o futuro das crianças. Segundo o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, que acompanhou o trajeto, uma das mulheres pediu que a representante da OMS desse atenção não apenas ao atendimento à saúde das crianças, mas também à educação que deve ser oferecida aos pacientes atingidos pela doença.

— Agradeço ao ministro e aos secretários de Estado por garantir recursos e eu me comprometo, como diretora da OMS, a também contribuir para isso porque essas crianças necessitarão de apoio a longo prazo. — pontuou Chan, sem detalhar como será a contribuição. Ela afirmou que detalharia as ações completas na coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, que acontece na tarde desta quarta. No Rio, ela visitará a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Marcela Vieira, Especial para O Globo

Acesse no site de origem: OMS estuda implantar protocolo de atendimento para grávidas criado no Brasil em outros países (O Globo, 24/02/2016)

 

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