Ribeirão tem 140 grávidas com suspeita de zika; registros crescem no interior

07 de fevereiro, 2016

(O Estado de S.Paulo, 07/02/2016) Oficialmente, Estado registra 3 locais com vírus, mas na última semana houve mais notificações em Bauru, Campinas e Sorocaba

Balanço da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, divulgado no fim da semana, apontou 140 mulheres grávidas com suspeita de ter contraído o zika vírus. No total, são 800 casos suspeitos de zika na cidade, que teve 8 registros confirmados em 2015.

Como o Estado mostrou no sábado, embora São Paulo tenha confirmado em laboratório a circulação interna do zika vírus só em três municípios – São José do Rio Preto, Sumaré e Piracicaba-, houve um aumento do número de crianças com microcefalia desde novembro de 2015. O total triplicou em relação à média observada nos anos anteriores. E cada vez mais cidades do interior relatam casos e suspeitas de microcefalia. O Estado, assim como o governo federal, só tem divulgado estatísticas gerais de microcefalia.

Este ano, até agora, não há relação entre recém-nascidos com a má-formação e relatos de zika em Ribeirão Preto, mas em 2015 foram investigados cinco casos. Uma das grávidas com sintomas compatíveis com o vírus teve filho com microcefalia.

Mais três mulheres grávidas apresentaram sintomas de contaminação pelo zika vírus, em Bauru. Com isso, o número de gestantes com suspeita de contaminação subiu para quatro só neste ano. A cidade já registrou um caso positivo e autóctone de zika em gestante em 2015 e reforçou as ações preventivas.

Preocupado, o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) pediu apoio ao Exército para combater o mosquito. Soldados do 37.º Batalhão de Infantaria Leve iniciam no sábado um trabalho de porta em porta – neste mesmo dia deverá ocorrer um mutirão nacional, coordenado pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff.

Outros exames confirmaram que uma gestante de 31 anos foi infectada pelo zika em Americana. A grávida é moradora do Parque Gramado e está sendo acompanhada pela rede municipal. O resultado positivo foi divulgado na sexta, elevando para quatro os casos confirmados na região. Os demais foram registrados em Campinas (1) e em Sumaré (2). A área registra 15 casos importados da doença e tem outros 17 em investigação, entre importados e autóctones.

Em Sorocaba, dois casos de zika vírus foram confirmados na última semana. Outros oito estão em investigação. A confirmação ocorreu após exame laboratorial, mas são casos importados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Uma paciente esteve no Rio de Janeiro e a outra em Ribeirão Preto. Ambas são acompanhadas pela rede pública de saúde.
A secretaria municipal ainda aguarda o resultado de exame de amostras de uma gestante cujo feto teve diagnóstico de microcefalia. As amostras foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (referência estadual) em dezembro, mas os resultados não ficaram prontos.

Zika versus dengue. A chefe da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, Ana Alice Castro e Silva, explica que as novas suspeitas de zika podem confundir-se com as de dengue. Segundo ela, este ano já são 927 relatos identificados como dengue. Mas as características parecidas das doenças tornam difíceis a diferenciação e é elevado o número de pessoas procurando postos de saúde. “Acreditamos que muitas suspeitas de dengue devem ser zika, porque estão se somando. Temos uma epidemia das duas doenças.”

Emílio Ribas não registra casos nem procura de pacientes

Na semana passada, a reportagem do Estado foi ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital, para sondar se muitas pessoas têm procurado o hospital de referência com suspeita de zika. Entre 17 horas e 18 horas de quinta, nenhum dos pacientes da fila de espera tinha sintomas da doença. O hospital informou que não havia caso de zika relatado e, mesmo com a exposição midiática, não tem sentido procura maior por informações. Ressaltou, entretanto, que qualquer pessoa com sintomas de dengue, chikungunya e zika pode procurar diretamente a instituição.

A reportagem também esteve no Hospital São Paulo, instituição da Universidade Federal de São Paulo, que enfrenta superlotação e atende apenas a casos de urgência e emergência. Ali também nenhum paciente se queixava de sintomas do zika.

Rene Moreira e José Maria Tomazela – O Estado de S. Paulo colaborou Edison Veiga

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