Em manifesto internacional teólogos/as pedem igualdade de direitos na Igreja

19 de outubro, 2015

(Adital, 19/10/2015) Teólogos e teólogas de vários países, entre eles os brasileiros Leonardo Boff e Ivone Gebara, assinam uma declaração internacional dirigida ao Sínodo dos Bispos sobre a Família, que está sendo realizado de 04 a 25 de outubro no Vaticano. No documento, são abordados temas como a homossexualidade, o aborto, o sacerdócio feminino e a relação dos divorciados com a Igreja.

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Na declaração, teólogos e teólogas defendem o reconhecimento do casamento homoafetivo e o direito ao aborto. (Foto: Reprodução)

Os teólogos defendem o respeito às diferentes identidades e orientações sexuais, que são uma “expressão da pluralidade de formas de viver a sexualidade entre os seres humanos”. E pedem que a Igreja Católica reconheça a homossexualidade e os casamentos homoafetivos em igualdade de condições com os matrimônios heterossexuais, sem excluir os cristãos homossexuais de qualquer tarefa e responsabilidade eclesial ou da participação nos sacramentos.

No tocante ao aborto, a declaração pede o respeito ao direito das mulheres de decidirem sobre essa questão. Os/as teólogos/as solicitam a revogação do cânone 1398, do Código de Direito Canônico, que excomunga quem pratica a interrupção voluntária da gravidez, o que seria uma resolução contrária às últimas orientações do Papa Francisco.

“Não existem razões bíblicas, teológicas, históricas, pastorais e, menos ainda, dogmáticas, para excluir homens casados e as mulheres de nenhum dos ministérios eclesiais, ordenados ou não ordenados”, afirma o texto. Nesta perspectiva, os/as teólogos/as sustentam também a inclusão das mulheres no sacerdócio e no episcopado.

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A teóloga brasileira Ivone Gebara, estudiosa da Teologia Feminista, é uma das signatárias do manifesto. (Foto: Reprodução)

Sobre o divórcio, os signatários do manifesto defendem o acesso à comunhão eucarística de pessoas separadas ou em segundo matrimônio. Para eles, é importante revisar a estrutura patriarcal da doutrina e da prática sobre o matrimônio. Na visão dos teólogos, esta proibição, que era compreensível no passado, hoje, não tem fundamento evangélico. Portanto, o Sínodo dos Bispos deve eliminar esta restrição, que, “longe de aproximar as pessoas nessas circunstâncias para a comunidade cristã, as marginaliza, distancia e estigmatiza”.

A declaração sugere ainda que se amplie o objeto do Sínodo, indo além das questões do matrimônio cristão, e incluindo a situação de pobreza e exclusão na qual vivem milhões de famílias.

XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos traz o tema “A Vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Durante três semanas, cerca de 400 cardeais e bispos de todos os continentes estão debatendo sobre as mudanças na família católica.

Campanha

Para apoiar o Papa Francisco nas reformas da Igreja, foi criada a campanha mundial “Pro Papa Francisco” pelo portal espanhol Religião Digital, especializado em informação religiosa. A iniciativa conta com apoio de organizações e de teólogos/as, como o brasileiro Frei Betto e a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire, conhecida como Nita Freire.

A campanha foi lançada às vésperas do Sínodo sobre a Família e, segundo os organizadores, visa a aglutinar, de forma “pluralista”, as pessoas de boa vontade, que veem no Papa Francisco um espírito “humano-divino” e “divino-humano”, em busca de uma Igreja cada vez mais evangélica.

Para participar da campanha clique aqui.

Cristina Fontenele

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