Como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores

04 de agosto, 2017

A idade em que um homem vê pornografia pela primeira vez está associada a determinadas atitudes sexistas no decorrer da vida, afirma uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos.

(BBC Brasil, 04/08/2017 – acesse no site de origem)

De acordo com a pesquisa, quanto mais cedo acontece a exposição à pornografia, maior é a probabilidade de que o homem queira exercer poder sobre as mulheres.

Por outro lado, se são apresentados à pornografia em uma idade mais avançada, estariam mais propensos a ser sexualmente promíscuos.

Ao todo, 330 alunos de graduação na faixa dos 20 anos participaram da pesquisa – a idade média em que eles viram pornografia pela primeira vez foi aos 13 anos.

O mais novo tinha cinco anos, enquanto o mais velho, 26.

Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados na conferência anual da Associação Americana de Psicologia, em Washington.

Estilo playboy

A pesquisadora Alyssa Bischmann e sua equipe perguntaram aos homens, a grande maioria formada por brancos heterossexuais, quando viram pornografia pela primeira vez e se foi um ato intencional, acidental ou forçado.

Na sequência, os participantes responderam 46 perguntas que mediram sua afinidade com os seguintes modelos comportamentais – exercer poder sobre as mulheres ou ter comportamento sexualmente promíscuo e adotar um estilo de vida playboy.

A equipe constatou que aqueles que foram apresentados à pornografia mais cedo provavelmente concordariam com declarações sobre o domínio masculino, como “as coisas tendem a ser melhores quando os homens estão no comando”.

Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que o acesso mais tardio à pornografia estava associado a um estilo de vida playboy, preferindo, por exemplo, trocar com frequência de parceiro sexual.

A pesquisadora Christina Richardson explica que aqueles que foram expostos à pornografia cedo muitas vezes não gostam do sexo na vida real.

“Esses homens costumam ter muita ansiedade em relação ao desempenho com as mulheres na vida real. As experiências sexuais não saem como planejado ou da maneira que veem na pornografia”, afirma.

Por outro lado, “aqueles que assistem pornografia mais tarde gostam mais do sexo na vida real e, portanto, podem ser mais propensos a adotar um estilo de vida playboy”.

A pesquisa não leva em consideração, no entanto, a quantidade de pornografia consumida pelos participantes, o tipo ou outros fatores demográficos, como aspectos sociais e econômicos.

Outros traços de personalidade também poderiam ter determinado quando os homens foram expostos à pornografia.

‘Sexualmente descontrolado’

“A pornografia pode e tem um impacto sobre as atitudes de muitos homens jovens em relação ao sexo”, diz Peter Saddington, terapeuta sexual do Relate, que oferece suporte a relacionamentos no Reino Unido.

“A consequência pode ser que os jovens desenvolvam atitudes sexistas e sejam, em essência, sexualmente descontrolados”, completa.

De qualquer maneira, Richardson diz que a pornografia “não é a coisa mais saudável para os homens”.

Segundo ela, os jovens precisam de “inspirações melhores para desenvolver crenças mais saudáveis ​​sobre a masculinidade”.

Katie Silver

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