Empresa tira rosa e azul de roupa de bebê para defender igualdade de gênero

25 de julho, 2016

(UOL, 25/07/2016) Quem optar por fazer o enxoval do bebê na loja Matiz, de Porto Alegre (RS), não vai encontrar peças azuis ou rosas nem roupas exclusivas para meninos ou meninas. É que seus criadores, o casal de designers Pedro Benites, 27, e Lívia Dall’Agnol, 26, são defensores da igualdade de gênero e não querem fazer a distinção nas peças que produzem.

“É uma forma de educarmos as crianças desde cedo sobre a igualdade de gêneros para formarmos adultos mais conscientes”, diz Benites.

Além dessa preocupação, o casal também foca a sua atuação na produção sustentável. A empresa vende roupas feitas com algodão orgânico e com tinta à base de água para bebês de até 2 anos. As peças são produzidas por cooperativas de costureiras de Porto Alegre (RS), onde fica a empresa.

Parceria começou na faculdade

O casal se conheceu na faculdade. Ele cursava design gráfico e ela design de moda. Ambos tinham vontade de abrir um negócio próprio que valorizasse o consumo consciente e a produção sustentável.

Durante dois anos trabalharam no planejamento da Matiz, que começou as suas atividades em dezembro de 2015.

Peças custam a partir de R$ 19,90

Nos seis primeiros meses de operação, a Matiz vendeu 780 peças e faturou R$ 42 mil. “Nossa produção valoriza todos os elos da cadeia. Queremos que todos tenham uma remuneração justa, por isso, nossa lucratividade ainda é pequena.” A empresa não revela o lucro.

A peça mais barata comercializada pela Matiz é o par de luvas para recém-nascido, que custa R$ 19,90. A mais cara é um cueiro (tecido de flanela que serve para enrolar a criança), que sai por R$ 119,90.

A roupa mais vendida é o body de manga curta ou longa, que custa R$ 69,90 e R$ 74,90, respectivamente. As vendas são feitas pelo site ou em eventos que a empresa participa.

“Sabemos que existem peças mais baratas no mercado, principalmente vindas de outros países, mas nem todas têm a preocupação social de saber quem está na ponta da cadeia, se ele está sendo remunerado corretamente, se a produção é sustentável, que são nossos pilares.”

“A ideia do consumo consciente é popularizar as peças produzidas de forma sustentável e não elitizar. Por isso, nossa margem do lucro não chega nem perto do que se costuma aplicar no mundo da moda. ”

Algodão orgânico não tem agrotóxico

Segundo Benites, toda a matéria-prima utilizada para a sua produção vem de produtores locais. Ele diz que o algodão orgânico é livre de agrotóxico e, com exceção de um produtor que está em processo para retirar a certificação, os demais têm certificado que comprova o cultivo sustentável do algodão.

“A matéria-prima é mais cara do que o tradicional algodão, mas sabemos que estamos produzindo uma roupa sem agrotóxico e outros malefícios.”

Mercado está em expansão

Para Guto Ferreira, especialista em empreendedorismo, o casal aposta em um mercado que tem muito espaço para crescer no Brasil e no exterior.

“No Peru, há plantações inteiras de algodão orgânico, e as empresas que produzem peças com essa matéria-prima estão ganhando muito mercado no exterior. No Brasil, há poucas empresas atuando com esse material, mas a demanda vem crescendo. Principalmente de pais preocupados com a saúde dos filhos.”

Concorrência com outros tecidos

De acordo com o consultor, o fato de haver muita opção de roupas mais baratas, feitas com outros tecidos, pode ser o grande desafio da empresa no início do negócio.

“É preciso ter fôlego para conseguir suportar essa concorrência.”

Márcia Rodrigues

Acesse no site de origem: Empresa tira rosa e azul de roupa de bebê para defender igualdade de gênero (UOL, 25/07/2016)

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