Os direitos humanos estão sendo tirados da mão do povo e trocados por discursos, critica mãe de santo de MT

14 de dezembro, 2018

A sacerdotisa de Candomblé, Ialorixá Joyce Lombardi, é presidente do Instituto Mulheres do Axé de Mato Grosso.

(Circuito Mato Grosso, 14/12/2018 – acesse no site de origem)

Depois de 30 anos do histórico 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras realizado em Valença, no Rio de Janeiro, cerca de mil mulheres de todo o país se reuniram recentemente em Goiânia, Goiás, para a segunda edição do evento. As discussões foram amplas, e os debates incluíram a situação das mulheres em situação de rua, vítimas de feminicídio, de violência doméstica, abusos, encarceradas e as vítimas de racismo religioso.

Uma das delegadas que representou Mato Grosso no evento foi a sacerdotisa de Candomblé, Ialorixá Joyce Lombardi, que é presidente do Instituto Mulheres do Axé de Mato Grosso. “Nós enquanto Estado precisamos ampliar nossa representatividade em nível nacional. Precisamos unir e unificar o apoio dentro do movimento negro. Ter eventos como este organizado pela ONU Mulheres do Brasil e ONU Internacional. E precisamos lutar por políticas públicas que atendam as mulheres da periferia, em situação de rua, de religiões de matrizes africanas”, aponta a sacerdotisa.

Entre os diversos temas discutidos entre os dias 6 e 9 deste mês, em Goiânia, está a demonização que sofrem as religiões de matrizes africanas. “Foi discutida a demonização que temos sofrido, e o que as sacerdotisas sofrem de violência patrimonial e física em seus Ilês Axés (casas de axé – terreiros – templos espirituais). Precisamos alinhar os nosso saberes no Estado, para em outros eventos como esse ter maior oportunidade de trabalho”, avalia Joyce Lombardi.

A sacerdotisa aponta ainda que existe um verdadeiro sequestro dos saberes africanos, da ancestralidade, cultura e história, e apropriação por outros grupos, que transforma toda essa gama patrimonial em uma nova linguagem, muitas vezes de forma rasa, distante da essência existente na cultura negra de um modo geral.
Outro tema em evidência é a luta pelos direitos humanos.

“A luta é muito ampla, porque os direitos humanos estão sendo retirados da mão da população e do povo negro e estão substituídos pelas falas de alguns. Sabemos das dificuldades que vamos ter que enfrentar com o novo governo federal”, aponta.

Ainda neste sentido, a delegação de Mato Grosso, apresentou em plenária nacional durante o Encontro, o teor da PL 310/2018, que tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT), e que quer acabar com o feriado do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. Na tarde desta quinta (13), movimentos sociais e grupos religiosos de matrizes africanas entre outras lideranças políticas e comunitárias, reuniram-se em audiência pública na ALMT, em Cuiabá, para defender a manutenção da data, que tem mais que um caráter comemorativo, e sim como símbolo da resistência negra no Brasil.

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