01/11/2010 – Repercussão na mídia: a primeira mulher presidente do Brasil

01 de novembro, 2010

A imprensa brasileira e internacional noticiou com destaque a eleição da primeira mulher presidente do Brasil:

Dilma, a 1ª presidente do Brasil (O Estado de S. Paulo – 01/11/2010)
‘Em pronunciamento às 22 horas, Dilma ressaltou a importância de sua eleição para as mulheres e prometeu erradicar a miséria e zelar pela liberdade de imprensa.”

‘Sim, a mulher pode!’ (O Estado de S.Paulo)
Íntegra do primeiro pronunciamento da presidente eleita, Dilma Rousseff.

Barbara Gancia: Dilma está preparada para o cargo (UOL – 31/10/2010) – Durante a transmissão ao vivo, em vídeo, sobre as eleições, a colunista da Folha de S.Paulo, Barbara Gancia, disse que “as pessoas não se dão conta do quanto é preparada para chefiar o país em termos técnicos”.

Mulher presidente ou presidente mulher? (O Estado de S. Paulo – 01/11/2010) – “A chegada de Dilma ao poder foi construída com base em ambiguidades na questão de gênero. A campanha da petista se apropriou de imagens intrinsecamente femininas, embora ultrapassadas. Associou a candidata ao título de ‘mãe do PAC’ ou de ‘mulher do Lula’ e tornou Dilma uma sucessora palatável, já que ‘subalterna’ ao futuro ex-presidente. ‘Isso foi intencional. Se o continuador fosse um homem, parte do eleitorado, sobretudo o masculino, poderia achar que o sucessor logo teria autonomia e se desligaria de Lula’, explica Fátima Pacheco Jordão, diretora do Instituto Patrícia Galvão, socióloga e especialista em pesquisas de opinião. Ela lembra que Dilma foi trabalhada para ser feminina ‘na aparência física, na contemporaneidade de seu cabelo’. ‘Ela foi se aperfeiçoando para ser mais feminina e não para se transformar numa ‘coronela’. Dilma também evitou formular políticas e propostas claras para as mulheres. Sempre reforçou o discurso de que poderia ser ‘a primeira presidenta’ do País, mas comprometeu-se pouco em atender aos interesses femininos. ‘É uma questão de conveniência eleitoral. Em temas delicados como planejamento familiar ou saúde, que era uma franquia forte do opositor, Dilma foi cuidadosa em seu programa’, diz Fátima.”

Reinventar a política no feminino, por Joel Birman (O Estado de S. Paulo – 01/11/2010)
“A nova presidente reflete duas visões do feminino na política: a reprodução da figura da mãe cuidadora e a caricatura do masculino, as mulheres como imagem especular dos homens”, escreve o psicanalista e professor da UFRJ e UERJ.

Repercussão pelo mundo (O Estado de S. Paulo – 01/11/2010)
THE NEW YORK TIMES “Ex-guerrilheira é eleita presidente”
EL PAÍS “Dilma, a primeira mulher eleita no Brasil”
THE GUARDIAN “Ex-rebelde marxista é a 1ª mulher eleita”
LE MONDE “Dama-de-ferro e sobrevivente é eleita”

Dilma presidente, editorial (Folha de S.Paulo – 01/11/2010) – [A eleição de Dilma Rousseff] “constitui provavelmente sinal de avanço político o fato de que esse aspecto não tenha sido foco de exploração na campanha eleitoral. Preconceitos de sexo, tanto quanto as operações de marketing em torno do rótulo de ‘mãe dos brasileiros’, pouco mobilizaram as opiniões.”

Dilma diz que vai “bater à porta” de Lula (Folha de S.Paulo – 01/11/2010)
“Na parte de agradecimentos, Dilma adaptou o slogan de Barack Obama -‘Sim, nos podemos’. ‘Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas e lhes dissessem: ‘Sim, a mulher pode”.
(…) Ela respondeu à questão religiosa e às críticas de que o PT pretende impor restrições à liberdade de imprensa. ‘Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.’ Ela não leu a parte do discurso que afirmava que não carregaria ‘nenhum ressentimento’ em relação à mídia.”

Mulher, por Nelson de Sá (Folha de S.Paulo – 01/11/2010)
A coluna Toda Mídia acompanhou as manchetes dos principais jornais do mundo: “Às 19h22, a Folha.com entrou com a projeção do Datafolha para os resultados e ‘chamou’ a vitória, ‘Dilma Rousseff é a primeira mulher presidente do Brasil’. Em minutos estava na manchete da Reuters Brasil e em despacho da agência. Em cascata a partir daí, entraram com a manchete, sempre com foto, os argentinos ‘Clarín’ e ‘La Nación’, ‘Dilma se converte na presidenta’ e ‘Rousseff se impõe’, o espanhol ‘El País’, ‘Primeira mulher alcança a Presidência’, o francês ‘Le Monde’, ‘Rousseff é dada como vencedora’, e o americano ‘Wall Street Journal’, ‘Dilma Rousseff vence eleição no Brasil’. Às 20h07, na Globo, William Bonner anunciou em plantão que ‘Pela primeira vez na história o Poder Executivo será comandado por uma mulher’. E às 20h30 o ‘New York Times’ abriu foto com o enunciado ‘Sucessora escolhida pelo líder do Brasil é eleita’. Mais uma hora e, no ‘China Daily’, ‘Brasil elege primeira mulher presidente’.

O legado da Dilma militante (O Globo – 01/11/2010)
“Dilma não rejeitou as lutas que realizou na ditadura. Numa situação ditatorial, elas se justificavam. Isso revela uma postura combativa, muito democrática. Sobreviver à tortura e viver na clandestinidade, isso é uma vitória pessoal muito grande.”

Faz alguma diferença ter uma mulher na presidência?, por Eliane Brum (Época e Portal G1 – 01/11/2010)
“O mais curioso é que Dilma era conhecida como uma administradora dura. As palavras usadas para descrevê-la eram ‘truculenta’, ‘autoritária’, ‘mandona’, ‘forte’, pouco afeita a conciliações. Sua voz grossa ajudava a compor esta imagem. Para os preconceituosos – e isso ficou explícito nos ataques na internet –, ela seria uma ‘mulher masculinizada’. Escutei estarrecida, mais de uma vez, mulheres comentarem que Dilma não as representaria porque não era, ‘como poderiam dizer, uma mulher-mulher’. Ao começar a ser esculpida como candidata, Dilma passou por uma espécie de ‘feminilização’, tomando por modelo uma ideia de mulher mais compatível com o tempo de nossas avós. Submeteu-se a cirurgias plásticas e tratamentos estéticos, mudou o cabelo, trocou o guarda-roupa, modulou a voz. Tudo no sentido de transformá-la numa mulher mais ‘feminina’, numa candidata mais suave e palatável, em alguém que o povo pudesse identificar com uma maternidade tradicional. Submeteu-se a uma metamorfose difícil – precisava se fragilizar para se adequar a uma ideia muito específica de feminino e se manter forte para convencer como futura governante. Ao submeter-se a isso acredito que Dilma Rousseff fez um desserviço às mulheres deste país. Por que Dilma não poderia ser uma mulher como Dilma efetivamente é? Por que Dilma precisou ser outra para convencer como mulher?”

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