Participação política feminina precisa superar questões culturais

14 de agosto, 2014

(Floripa News, 14/08/2014) Há 82 anos, a mulher conquistou o direito de votar e ser votada no Brasil. Parece paradoxal que, passadas oito décadas, a participação efetiva da mulher nos espaços políticos oscile pouco acima ou abaixo dos 10%.

Especialistas dizem que oito décadas são pouco tempo para uma mudança cultural, considerando que nos últimos 4 mil anos os homens estiveram no centro do poder.

“Temos muito pouco tempo de voto feminino em relação à presença do homem no poder na história da humanidade. E temos muito pouco tempo de democracia”, diz a professora de História da UFSC, Joana Maria Pedro. Ela lembra que o primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia, em 1893, “há pouco mais de cem anos”.

Joana analisa a participação política de homens e mulheres do ponto de vista cultural e comportamental. Diz que contra a mulher pesam diversos estereótipos, porque as diferenças são valorizadas com dois pesos para homens e mulheres. Uma mulher aberta ao diálogo e negociadora é taxada como “mole”.

O homem com o mesmo comportamento seria elogiado como “ponderado, negociador”, exemplifica. “Espero que um dia a atuação política não seja mais definida pelo comportamento, seja masculino ou feminino, mas pela capacidade de liderança e protagonismo. Isso leva tempo e é preciso que mude, tanto para homens quanto para mulheres.”

A feminista e ativista na luta pelos direitos das mulheres Clair Castilhos analisa que a estrutura partidária é machista porque o espaço político é um espaço de poder. É nele que os sujeitos decidem o que fazer com as verbas públicas, os empregos, os investimentos. E o espaço de poder, historicamente, é destinado aos homens.

“A nossa civilização judaico-ocidental-cristã tem 4.000 anos de patriarcado. Se o homem é o centro, ele é quem toma as decisões. E as mulheres ficam sempre como coadjuvantes. A história do homem e da mulher, na prática, é uma relação entre opressor e oprimido. No momento que a gente tenta mudar esse papel há uma reação. Nenhum opressor deixa de ser opressor porque é bonzinho. Ele só deixa de ser opressor porque o oprimido se revolta e se organiza.”

Clair aposta que o crescimento da participação das mulheres na política vai acontecer, já que a presença da mulher no mundo do trabalho e na universidade aumentou muito. “Precisamos do crescimento quantitativo para termos um crescimento qualitativo.

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